Dirigido por Morgan Spurlock e estrelado por ele, o documentário “Super Size me”, que relata a experiência do diretor que engordou e adquiriu várias doenças depois de se alimentar apenas de sanduíches do MacDonald’s, teve um sucesso estrondoso, arrecadando mais de US$ 22 milhões com um orçamento de US$ 65 mil. Seguindo Spurlock enquanto ele não comia nada além de McDonald’s por 30 dias – e os efeitos nocivos que essa dieta teve sobre sua saúde -, o filme se tornou o ponto alto de uma onda de sentimentos contra o fast food. O McDonald’s, especificamente, tornou-se um símbolo da hegemonia brilhante do capitalismo americano, tanto no país quanto no exterior.
Por Jorge Antonio Barros, com “The New York Times”, compartilhado de Construir Resistência
“McJobs” tornou-se um termo para cargos mal remunerados e sem saída, e “McMansions” para casas extravagantes e grandes. Em 1992, o teórico político Benjamin Barber usou o termo “McWorld” como abreviação do domínio neoliberal emergente; sete anos depois, os manifestantes contra a Organização Mundial do Comércio pareciam concordar, lançando uma caixa de jornal pela janela do McDonald’s durante as marchas da “Batalha de Seattle”.
Dois anos depois, foi publicado o livro “Fast Food Nation”, de Eric Schlosser. Uma ampla acusação de todo o setor de fast food, o best-seller acusou o setor de ser ruim para o meio ambiente, repleto de problemas trabalhistas, culturalmente achatador e culinariamente engordativo.
Mas, duas décadas depois, não apenas o McDonald’s está maior do que nunca, com quase 42 mil estabelecimentos em todo o mundo, mas o fast food em geral cresceu. Atualmente, existem cerca de 40 redes com mais de 500 estabelecimentos nos Estados Unidos. O fast food é o segundo maior setor de emprego privado do país, depois dos hospitais, e 36% dos americanos – cerca de 84 milhões de pessoas – comem fast food em um determinado dia. Os três principais atrativos do fast food permanecem intactos: o preço baixo, a rapidez da entrega e as pessoas gostam de seu sabor.
É impossível negar, por exemplo, que você recorra a uma lanchonete do McDonald’s num lugar como os Estados Unidos, onde a comida em geral é muito cara e mal temperada para quem tem papilas gustativas educadas no hemisfério sul. Ainda me lembro da primeira loja do Brasil, inaugurada em 1979, na Rua Hilário de Gouvêa, em Copacabana, o mesmo bairro onde nasceu o Bob’s, na Domingos Ferreira, em 1952. Foi fundado pelo americano Robert Falkenburg, marido da atriz Sylvia Bandeira. Mas essa é uma outra história.
Jorge Antonio Barros é jornalista profissional desde 1981. Atualmente é editor-chefe do Quarentena News e consultor de marketing jurídico.