Publicado em Jornal GGN –
A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, investigue abuso de autoridade pelo delegado Igor Romário de Paula, integrante da força-tarefa da Operação Lava Jato, que em entrevista disse que o “timing para prender Lula pode surgir em 30 ou 60 dias”.
De acordo com os advogados Valmir Batista, Cristiano Zanin Martins e outros seis juristas, é “inaceitável violação de direitos constitucionais do ex-Presidente pelo delegado-chefe da Operação Lava Jato, comportamento que fere a ética e responsabilidade institucional da Polícia Federal”.
Na entrevista concedida ao Uol, publicada no dia 27 de janeiro, o delegado admitiu estar prestes a concluir dois dos inquéritos contra Lula e que em no máximo um ou dois meses o ex-presidente seria preso pela Operação Lava Jato.
Ao ser questionado se os investigadores já haviam “pedido o timing” para a prisão, considerando as investigações e os mandados já expedidos, como a condução coercitiva, em março do último ano, e as seguidas buscas e apreensões, o delegado respondeu que não e que esse tempo limite “pode ser daqui a 30 dias, daqui a 60 dias”.
Na mesma entrevista, o delegado criticou os procuradores da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba por fecharem o acordo de delação com os 77 executivos e ex-funcionários da Odebrecht sem a presença da Polícia Federal. Afirmou que, com relação a isso, “é bem provável que haja a necessidade de um recall no caso da Odebrecht”.
Os advogados e juristas que assinaram o pedido de investigação na PGR contra Igor Romário de Paula lembraram que o investigador ignorou, ainda, o estado de saúde de dona Marisa, concedendo tal entrevista durante um quadro frágil de saúde da ex-primeira-dama.
“O arroubo midiático do delegado ignorou o estado de D. Marisa Letícia, em coma após o AVC que sofreu, um total desrespeito à sua condição. Registra-se que esse é mais um de vários abusos cometidos pela Operação contra Lula e seus familiares”, afirmaram.
Na petição, ainda destacam que o mesmo delegado foi o que realizou campanha para o então candidato da oposição, Aécio Neves (PSDB), contra a então presidente Dilma Rousseff, o que explicita “posição partidária contrária a do ex-Presidente”.
Assinaram o documento Zanin Martins, Valmir Batista, além dos juristas Lenio Luiz Streck, Celso Antonio Bandeira de Mello, da professora de Direito Weida Zancaner, o professor Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo, o pesquisador Paulo Petri, e o procurador aposentado Jacques Alfonsin.