Por Mario Marona –
Espero que a presidente que recebeu meu voto seja poupada de um novo golpe e de uma nova condenação injusta.
Quanto ao outro julgado, traidor e conspirador que pode pegar carona na eventual absolvição dela, desejo que pague logo que for possível, em outros processos, por crimes muito mais graves que cometeu, caso sejam acolhidas as provas existentes contra ele.
Não posso defender a condenação de um inocente para que um possível culpado de outros crimes seja punido junto.
Isto é direito seletivo e interesseiro.
Justiça é outra coisa.
É algo que perdemos o costume de ver por aqui.
E não esperem de mim que adule, idolatre e transforme em herói um juiz, qualquer juiz, só porque ele prolatou contra alguém a sentença que eu queria, por ódio, vingança ou interesse político.
Cansei de juízes protagonistas, vaidosos e exibicionistas, mesmo que concorde com suas posições apenas porque delas resultará prejuízo a alguém de quem eu não goste.
Cansei de juízes que recheiam com frases de efeito de fácil assimilação pela opinião pública votos que não fazem outra coisa além de atender ao desejo de vingança dos poderosos de plantão ou mesmo das massas movidas pelo ódio nelas incutido pela mídia e pelos formadores de opinião.
Cansei de juízes covardes, que sentenciam para editoriais e para a galera.
Sinto falta da Justiça construída pelas leis, pelas investigações, pelas provas e pelo devido processo legal.
Esta Justiça está sendo enterrada por um grupo de juízes e promotores concurseiros, que se sentem ungidos ao poder sobre a liberdade e a prisão de quem quer que seja, independentemente das normas jurídicas e dos direitos individuais que deveriam respeitar acima de tudo.
Continuo acreditando no princípio – de resto, filosófico – de que é melhor para a civilização a absolvição de um culpado do que a condenação de um inocente.
Leigo, cidadão, eleitor, eu posso me dar ao luxo de construir minhas opiniões pelo ressentimento.
Um juiz, não!
Ou de tempos em tempos continuaremos precisando de uma Hanna Arendt para nos lembrar como se constrói o horror do totalitarismo e do mal absoluto.
Foto: José Cruz/Agência Brasil