O suposto primo de Beto Richa e o suposto jornalismo da Folha

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Por Miguel do Rosário, O Cafezinho – 

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São dias divertidos para as redes sociais.

Outro dia Reuters e Globo deixaram escapar uma matéria não revisada, onde se lê uma engraçadíssima observação do redator, entre colchetes: “pode tirar, se achar melhor”.




No caso, o trecho que poderia ser “tirado”, era uma observação sobre a corrupção no governo FHC.

Hoje é a vez da Folha nos brindar com um meme já pronto.

Ao publicar matéria sobre um primo do governador Beto Richa, o jornal tasca no título o adjetivo “suposto”.

Aí você vai ler a matéria, e o próprio governo do Paraná admite que o sujeito é primo de Beto Richa. Não é primo em primeiro grau, mas primo.

Entretanto, o mais estranho nem é isso.

O mais estranho é que o parentesco não tem tanta importância. As investigações mostram que o sujeito tinha grande influência no governo do Paraná. E há inúmeras imagens do empresário Luiz Abi Antoun em confraternização social com o governador.

O título da Folha apenas revela a insegurança e falta de entusiasmo de redatores em publicar qualquer denúncia envolvendo o PSDB.

Por isso é tão engraçado.

O uso do termo “suposto” – que aliás aparece na reportagem de maneira repetida, se referindo inclusive ao esquema – é uma maneira um pouco menos aloprada de mostrar, ao diretor de redação e ao dono da empresa de mídia, que qualquer referência desconfortável ao tucanato poderá ser removida, “se achar melhor”.

Reproduzo abaixo trecho de post publicado pelo blog Baixo Clero, sobre o caso:

Primo de Beto Richa indicava, fiscalizava e negociava com empresas que deviam para a Receita

O empresário Luiz Abi Antoun, “primo” do governador Beto Richa (PSDB), teria influência no governo do Estado e responsabilidade política no esquema de propina organizado por fiscais e auditores da Delegacia da Receita Estadual de Londrina. É o que apontam as investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Ele teria influência na Receita Estadual, a ponto de indicar nomes para ocupar cargos no órgão. A informação é corroborada por Marcelo “Tchello” Caramori, o ex-assessor da Casa Civil preso em janeiro sob a suspeita de envolvimento num esquema de favorecimento à prostituição de adolescentes. O “primo” de Beto Richa também teria interferência em fiscalizações feitas pelo órgão e faria negociações com empresas que tinham dívidas tributárias com o Estado.

Caramori afirmou, em depoimento prestado ao Ministério Público, que Abi é de fundamental importância na estrutura política do Estado, sendo de conhecimento público o grau de influência e determinação que ele exerce no governo Beto Richa. Outra declaração do ex-assessor explica o episódio em que Abi foi “apagado” de uma foto publicada pela Agência Estadual de Notícias na qual ele estava dentro do gabinete de Beto Richa. É que Abi demonstra a preocupação de não aparecer em fotografias e de não se expor publicamente.”

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