Um dos argumentos mais utilizados para criticar a abertura da Av. Paulista às pessoas (ou fechamento aos carros, como insistem alguns) é a presença de diversos hospitais na região, que teriam acesso prejudicado ou mesmo impedido. Mas essa teoria não se sustenta a uma análise mais profunda.
Como já havíamos afirmado aqui no Vá de Bike, os hospitais presentes na avenida têm seus acessos de emergência nas vias paralelas ou nas laterais. Mas para encerrar essa questão, a CartaCapital resolveu perguntar diretamente ao supostos afetados pela interdição se ela causaria realmente algum problema.
Segundo matéria no site, a reportagem tentou entrar em contato com os 15 hospitais que ficam a até 500 metros da avenida. Apenas o Hospital 9 de Julho, o Instituto do Coração e o Hospital Oswaldo Cruz não responderam à reportagem; os outros 12 afirmaram não se opor à medida.
O HCor, IGESP, Emílio Ribas e o Pro Matre Paulista informaram que as mudanças na avenida não têm promovido dificuldades de acesso de suas ambulâncias.
O Hospital e Maternidade SacreCoeur, o São José e o TotalCor afirmaram que as rotas alternativas de acesso ao local funcionam satisfatoriamente nestes dias.
O Hospital Sírio-Libanês também não vê problema algum no eventual fechamento da Paulista. Segundo a entidade, a CET indica outras rotas funcionais sempre que há grandes eventos na avenida.
O Santa Catarina, localizado na avenida, informou dispor de acessos alternativos e que a entrada de seu pronto-socorro fica numa rua transversal, a Teixeira da Silva. Propõe apenas que a abertura da avenida Paulista para o público aconteça entre a praça do Ciclista e esta rua.
Também foram ouvidos os hospitais Beneficência Portuguesa de São Paulo e a maternidade Santa Joana. Ambos afirmaram utilizar sem problemas os acessos alternativos para pacientes e funcionários em dias em que há muito tráfego ou manifestações na região.
– da matéria de Ingrid Matuoka, no site de CartaCapital
Baixo impacto no tráfego
De acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), “foi observado baixo impacto no trânsito na abertura do dia 28 de junho, com a utilização satisfatória das paralelas, a alameda Santos e as ruas Cincinato Braga e Carlos Antonio do Pinhal”. Veja como foi a abertura da Paulista às pessoas, em fotos e vídeo.
O secretário de Transportes, Jilmar Tatto, informou no início deste mês que o órgão de trânsito “estuda a necessidade de segregação de uma faixa para ônibus nas vias alternativas e também procedimentos para o acesso de ambulâncias, hóspedes de hotéis e moradores”. Os estudos serão encaminhados para avaliação do Ministério Público de São Paulo e dos demais secretários municipais.
O Conselho da Cidade aprovou no início de julho uma moção de apoio à abertura da avenida Paulista e do Elevado Costa e Silva, o Minhocão, para pedestres e ciclistas, após a apresentação dos primeiros estudos de impacto da CET. O Minhocão já está sendo aberto aos sábados, a partir das 15h. Ainda não há previsão para a abertura definitiva da avenida aos domingos.
Outras avenidas
O secretário de Transportes, Jilmar Tatto, pretende realizar estudos em outras vias da cidade, como nas avenidas Sumaré (Zona Oeste) e dos Patriotas (Zona Sul), para que munícipes e turistas se apropriem mais da cidade. Na avenida Paulista, os estudos já foram iniciados com a inauguração da nova ciclovia no canteiro central: no dia 28 de junho, a via foi aberta das 10h às 17h, atraindo cerca de 50 mil pessoas de todas as idades, que compartilharam o espaço a pé, de bicicleta, patins e skates, em uma convivência harmoniosa e inesquecível.
“É possível você democratizar, compartilhar, fazer com que todos usem de forma agradável”, afirmou o secretário. “A cidade está precisando cada vez mais de tolerância, as pessoas procurarem um convívio maior com todos. Então é possível você ter espaço para o pedestre, para o ciclista, para o skatista, para o usuário do ônibus e para o usuário do carro também. O domingo é um excelente dia para as pessoas saírem às ruas para curtir a cidade ao invés de ficar dentro de casa. Isso é uma tendência mundial.”
De acordo com Tatto, os estudos elaborados irão contemplar a liberação de veículos de saúde e segurança, além das atividades comerciais exercidas nas regiões. “Tem que ser flexível para não prejudicar a atividade comercial daquela área, ou mesmo morador. Tudo isso é possível adaptar. Você faz com cuidado, se tiver a necessidade de cadastrar, cadastra. O problema não está ai, o problema é como você ocupa este espaço por todos e isso é possível fazer sem prejudicar as pessoas”, declarou.