Achados e perdidos da rua

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Por Carlos Eduardo Alves, Facebook – 

Gosto de andar a pé pelas ruas de SP. Sempre gostei, aliás. E procuro incentivar a prática para meu filho pequeno. Vou com ele ao cinema, por exemplo, atravessando 2 ou 3 bairros. Ele, um menino que durante a semana fica quase confinado ao trajeto casa-escolas, muitas vezes se encanta com árvores centenárias, pessoas diferentes e casinhas de vila, incomuns no seu cotidiano.




Sempre que tem jogo do nosso amado Santos no Pacaembu, temos o nosso ritual: descer na Brigadeiro, entrar na Paulista e depois escolher entre atravessar Consolação e Angélica ou entrar numa das ruas sinuosas e descer até o estádio. Era o caminho que eu fazia na juventude. Para ele, uma aulinha de apresentação de uma minúscula parte da sua cidade, suas curvas, segredos e inacreditável silêncio das ladeiras.
Domingo passado, enquanto ele se entretinha com músicos de rua e ouvia o indefectível “não saia daqui, por favor”, entrei num caixa eletrônico da Paulista. No dia seguinte, percebi que esquecera o cartão lá.

Telefones para lá e cá, descobri a agência. Liguei. Boa surpresa, alguém achara o cartão e, mesmo num domingo, o dito cujo foi entregue no banco.

Feliz fiquei mais ainda depois de ouvir da funcionária do banco:
— Pode buscar aqui. Ainda tem muita gente boa e honesta. Alguém se deu ao trabalho de encaminhar seu cartão para nós. Sabe tipo gente boa?

Realmente, existem milhões de “gente boa”. Nunca saberei o nome de quem perdeu seu tempo para diminuir meu trabalho burocrático. Mas me criará a boa curiosidade de, sempre que andar na Paulista aos domingos, pensar que poderá ter sido uma daquelas pessoas que dão rosto a uma cidade.

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