Por Paulo Frateschi, professor, ex-preso político, ex-deputado, dirigente, militante histórico do Partido dos Trabalhadores
Texto de 23 de outubro de 2023
Acordei no luto da velha militância que resistiu aos horrores da ditadura de 1964.
Idibal, advogado de perseguidos políticos, defendia tão radicalmente os militantes a ponto de ser preso “limpando” o aparelho de um de seus clientes companheiros. “sou que nem soca de cana…me cortem que nasço sempre” cantando assim ele trazia o “União e Olho Vivo” para as celas do DOI-CODI e do DOPS.
Quando chegou no presídio do Hipódromo, lá na Mooca, o diretor colocou-o numa cela improvisada perto da recepção. Dali ele acompanhava os processos com a ajuda da professora Laura Tetti e dava assistência a nós presos na ala política do presídio.
A última vez que estive com ele foi na copa do mundo realizada aqui no Brasil. Um período difícil que a direita se apresentava sem disfarces e ele batalhando junto à prefeitura para assegurar os direitos do seu espaço cultural, cheio de sonhos, de planos e projetos.
Ultimamente vivo num sombreado que me deixa uma sensação de perdas de coisas que não sei bem o que são ou o que foram.
Hoje estou de luto. Sei muito bem o que estou perdendo: um amigo companheiro, corajoso, alegre e apaixonado que lutava para melhorar a vida e transformar o mundo.