Washington Luiz de Araújo, jornalista –
Leio que hoje, 07 de abril, é o Dia do Jornalista. Recebi alguns cumprimentos, mas, sinceramente, não tenho muito o que comemorar. Vejam o que está na Internet sobre esta data e constate com os dias em que vivemos: “A data homenageia o trabalho dos profissionais da mídia, responsáveis por apurar fatos e levar as informações sobre os acontecimentos locais, regionais, nacionais e internacionais para as pessoas, de maneira imparcial e ética. Seja na rádio, na televisão ou nos jornais impressos, o jornalista deve sempre trabalhar tendo como base a imparcialidade e fontes de informação confiáveis”.
Leram bem? Além de esquecer dos profissionais que trabalham em outros veículos, como empresas e sites, afirma-se que os jornalistas são responsáveis por apurar fatos de maneira imparcial e ética. Alguém com bom senso percebe que isso é coisa rara no jornalismo brasileiro de hoje, principalmente no praticado na chamada grande imprensa. Jornais, rádios e emissoras de televisão se esmeraram nos últimos tempos em ludibriar os fatos, logo o consumidor de notícias.
Nada de imparciais, isentos. Quando querem, de acordo com o momento político, a inflação é um monstro ou não. A recessão econômica? Depende do momento. Ela tanto é imensa, feito uma onda de tsunami como é pequenininha, como uma gota de torneira.
Assim vai. Golpe, que golpe? Manifestação? O tamanho não mais depende do número de pessoas e sim de quem a organiza. Reforma da Previdência? Trabalhar até morrer só lhe fará bem. Veja o Mick Jagger…. Reforma trabalhista? Com isso, você poderá negociar suas férias, seu décimo terceiro, seus dias de “folga” direto com o patrão. E isso será uma beleza para você, segundo a grande mídia. Ah, desemprego? Também é outro fato que aparece muito ou some do noticiário. Tudo dependendo da gangorra política.
Portanto, fica muito difícil comemorar neste 07 de abril. Dia para mim como qualquer outro depois do golpe que se implantou no país. Mais um dia depois do golpe, dia de retrocessos nos nossos direitos. Dia em que, certamente, estão armando mais uma para a classe trabalhadora. Tudo com o beneplácito da grande imprensa, feita de jornalistas que não deveriam nem um pouco estarem orgulhosos pela ostentação do nome.
Mas, para não encerrar com pessimismo, lembro que há ainda jornalistas dignos, sim. Alguns poucos em redações e outros em blogues e assessorias de imprensa. Jornalistas que trabalham sob a égide das palavras do grande profissional Claudio Abramo: “O jornalismo é, antes de tudo e sobretudo, a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter.” A estes, parabéns.
