Na entrada do Pão de Açúcar da Afonso Bovero, perto da minha casa, dou de cara com um menino (uns 7 anos, não mais que isso), pedindo um trocado. Pedi para ele esperar um pouco. Comprei maçãs e chocolate e entreguei-lhe na saída.
Perguntei seu nome. Wesley, ele disse. Perguntei: Wesley, você está estudando? Ele respondeu que sim. Eu disse: estude, pra você não precisar passar a vida inteira pedindo dinheiro pros outros, pra você ganhar o seu próprio dinheiro. E fui saindo, antes que começasse a chorar na frente do menino. Eu procuro disfarçar, mas estou me tornando uma manteiga derretida. Deve ser a idade.
E aí vim pra casa lembrando da cena que vi a tarde em plena Paulista. Essa cena da foto abaixo. Patética. Essas três pessoas, especialmente o tiozinho da esquerda, segurando esses cartazes de Aécio Neves, durante 7 horas seguidas, por R$ 30. Sim, é isso o que eles ganham. Um deles me informou.
Não sou um bom samaritano. Sou apenas uma pessoa comum e essas cenas estão me pegando cada vez mais, com um misto de tristeza e revolta.
Vivo no Estado mais rico da Nação e continuo me deparando com essas cenas a todo instante. Sou apenas um cidadão comum e estou convicto de que o Brasil jamais poderá ser chamado de País, com P maiúsculo, enquanto brasileiros – crianças ou adultos – forem obrigados a se humilhar dessa maneira, em busca de trocados.
Sou apenas um cidadão comum e não posso deixar de me perguntar: quem são essas pessoas que querem meter mais menores na cadeia, em vez de dar-lhes oportunidades? Que Deus essas pessoas adoram? Responda-me, Jack: quem são essas pessoas?