Era 2005. Eu estava de volta a TV Globo e uma das primeiras pessoas que vi foi ela, a Helena, que me acenava lá de cima do primeiro andar, onde fica o Fantástico. Eu estava no andar de baixo na redação do jornalismo. Parecia feliz com a minha volta e eu feliz com o nosso encontro. A Helena foi uma figura fundamental na minha carreira de repórter de televisão.
Por Neide Duarte, compartilhado de Construir Resistência
Era dezembro de 1979. Eu tinha acabado de sair da Folha de S.Paulo, por causa da greve dos jornalistas. Estava à procura de um trabalho. Uma amiga, a Silvia Sayão, então uma das editoras do antigo Jornal das 7, na TV Globo, me apresentou ao chefe de redação, Dante Matiussi. Fiz um teste de vídeo ( o cinegrafista foi o Aloisio Araújo). Depois de uma semana o Dante me chamou para sair durante alguns dias com uma equipe, para aprender como se fazia reportagens para televisão. Era uma promessa. Fiquei feliz e medrosa.
Quando entrei no carro da equipe vi que a repórter era, apenas, a melhor repórter da época, a já famosa Helena de Grammont ! Paralisei. Pensei: ainda bem que vou só olhar. E passei esses dias prestando atenção no jeito da Helena. Como falava com os entrevistados, como chegava nos lugares. Ela não tinha medo de nada. Corajosa, fazia perguntas que ninguém fazia. Irreverente, conseguia normalmente um material surpreendente para a reportagem.
Naquela época da ditadura enfrentava riscos e entrava onde era proibido para descobrir fatos ocultos. Persistente, incomodava os desonestos, os corruptos.
Aprendi muito com a Helena. Minha melhor escola naquele começo de profissão. Que falta faz no nosso país uma repórter audaciosa e brilhante como a grande e inesquecível Helena de Grammont.
Neide Duarte é jornalista, mais conhecida por ter sido réporter especial da Rede Globo. É formada pela FAAP, em São Paulo. Após trabalhar por 3 anos como repórter do jornal Folha de S.Paulo, ingressou na TV Globo São Paulo