Por Agência Xeque, publicado em Jornal GGN –
Agência Xeque – Manchetes têm índices de leitura substancialmente maiores do que o conteúdo. Parte relevante dos fake News se baseia em manipulação de manchetes, sem correspondência no conteúdo.
É nesse vício que incorre o Painel, da Folha, com a manchete: “Inclusão de pedido de liberdade Lula em pauta do STF alarma o mercado”. Trata-se de um fenômeno bastante conhecido dos colunistas de notas: a síndrome do fechamento, faltando algumas notas, e a necessidade de gerar manchete de impacto.
Diz a nota:
Temporada de apostas – A decisão do ministro Edson Fachin de incluir um pedido de liberdade de Lula na sessão da Segunda Turma do Supremo do dia 26 alvoroçou empresas com peso no mercado. Dirigentes de instituições financeiras de dentro e de fora do país acionaram contatos para especular sobre as chances de o petista sair da cadeia. A maioria dos magistrados que vai julgar o recurso é contra prisão em segunda instância. Isso, porém, não os impediu de, em maio, negar a soltura do ex-presidente.
Gato escaldado No PT, a decisão de Fachin foi vista como “um sopro de esperança”, mas integrantes do partido admitem que não dá para ter otimismo após as sucessivas derrotas de Lula na Justiça.
Observações:
- É evidente que a colunista não ouviu “dirigentes de instituições financeiras de dentro e fora do país”. Ninguém ouve fontes variadas para uma mera conclusão genérica.
- Se nem integrantes do partido – que certamente não foram ouvidos para a nota – acreditam na libertação de Lula, porque dirigentes do mercado se alarmariam?
- A pressa no fechamento fez com que, nas notas, não se registrasse nenhuma menção a mercados alarmados.
- Mesmo assim, a manchete foi utilizada por inúmeros portais, sites e blogs, replicada no Facebook e no Twitter.
- O tema não interessou a nenhuma agência de checagem, apesar de seus desdobramentos nas redes sociais. Elas terão que se decidir, logo, se estão a serviço da notícia ou de grupos políticos.
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