Vejam aqui a letra e o vídeo da música de Gonzaguinha feita no início da década de 80, final da ditadura militar. Vejam como lembra os tempos de Temer, quando a miséria e a violência voltam de forma acachapante, infelizmente.
A Cidade Contra o Crime
Estava dando uns bordejos pelaí
Quando derepente a figura apareceuE dentre tantos me escolheu
Mas o barulho da cidade está
tão grande que eu não pude nem ouvir
quando o pinta me rendeuNão se move aí, Ô meu
Mas que pinóia, eu, o rei da paranóia
que não largo a minha bóia
mesmo quando estou a péComo é que eu dou esse azarão
Eu faço parte desse medo coletivo
já não sai nem se confio na polícia ou no ladrão(A barra não tá mole não, ladrão já tem que andar
Com plaqueta de identificação
a dita anda dura mesmo com a abertura)O cara disse:
Fica quieto Vai tirando toda a roupa
De conforme o que está no meu direitoE eu só via defeito
A que eu vestia estava todo emburacada
remendada, esfarrapada, bem puída no maltrato
Vou tentar fazer um tratoPensei depressa aonde estava aquela quina
que sobrou do meu trocado que hoje
chamam de salário Trabalhador tu é otárioE foi aí que eu notei que o pivete
Tremia muito mais que eu tava, pela bola seteOlhei melhor pro salafrário
Notei que a arma que o fulano segurava
era meio que chegada a um cheiro de sabão
Na rapidez meti a mãoO trinta e oito se partiu em mil pedaços
E o coitado do palhaço ficou meio em ação
Aproveitei a confusãoMandei que ele desvestisse a roupinha
Tá mais limpa que a minha inclusive a santinha
Não esquece a sunguinha, heim ÔEle chorava de bobeira me mostrando a carteira
que continha a exploração de seu patrãoMe livra dessa meu irmão que eu não tive opção
A galinha comeu pipoca em cima da minha solução
Tá caro tudo no meu lado já não sei o que é feijãoMas acontece meu amigo que eu também tô a nenem
A concorrência oficial não tá deixando p’rá ninguém
Aqui, Gonzaguinha interpreta A Cidade Contra o Crime, na presença do também grande cantor e compositor, igualmente falecido, Roberto Ribeiro.