Compartilhado do Templo de Cultura Delfos
Aimé Césaire nasceu em Basse-Pointe, Martinica, em 1913. Poeta, dramaturgo, ensaísta e político, fervoroso defensor das raízes africanas e militante anticolonialista, Césaire foi um dos escritores mais importantes do século XX. Ainda jovem, chegou a Paris para fazer seus estudos em 1931. Em 1934, fundou com outros estudantes o jornal L’étudiant noir [O estudante negro], no qual formulou pela primeira vez o conceito de negritude, que definiu como uma “busca dramática” pela identidade negra. Em 1935, começou a escrever o Caderno de um retorno ao país natal, publicado em 1939, antes de voltar para a Martinica, onde se tornou professor de Letras e, alguns anos depois, entrou para a política. Césaire foi eleito prefeito de Fort-de-France (1945-2001) e deputado da assembleia nacional francesa pelo Partido Comunista Francês (PCF). Em 1957, decepcionado com o PCF, que negligenciou questões antilhanas, fundou o Partido Progressista Martiniquês, pelo qual se manteve deputado até 1993. Ao mesmo tempo que trabalhou numa atividade política contínua, nunca se apartou de sua verve literária, publicando ininterruptamente ao longo da vida. Sua obra foi traduzida mundo afora. Morreu em Fort-de-France em 2008.
“O não-tempo impõe ao tempo a tirania da sua espacialidade: em todas as vidas, há um norte e um sul, e o oriente e o ocidente. No ponto mais extremo, ou, pelo menos, no cruzamento, é a enfiada das estações sobrevoadas, a luta desigual da vida e da morte, do fervor e da lucidez, talvez até mesmo a do desespero e da nova queda, a força também de olhar sempre o amanhã. Assim vai toda e qualquer vida. Assim vai este livro, entre sol e sombra, entre montanha e mangue, no crepúsculo quando não se distinguem cão e lobo, claudicando e binário. Tempo também de dar cabo de algumas fantasias e alguns fantasmas”
– Aimé Césaire, apresentação do seu último livro de poesias “eu, laminária…”. [tradução, posfácio e notas de Lilian Pestre de Almeida]. São Paulo: Editora Papéis Selvagens, 2022.
Aimé Césaire – poeta, dramaturgo, ensaísta e político
OBRA DE AIMÉ CÉSAIRE PUBLICA EM PORTUGUÊS
Aimé Césaire no Brasil
Poemas
:: Poemas. Aimé Césaire. [tradução de Nelson Ubaldo e Péricles Prade]. Edição bilíngue. Blumenau: Letras Contemporâneas, 2006.
:: Caderno de um retorno ao país natal. Aimé Césaire. [tradução Anísio Garcez Homem e Fábio Brüggemann]. Florianópolis: Editora Terceiro Milênio, 2011.
:: ‘Diário de um Retorno ao País Natal’ – vol. 1 / ‘Cahier d un Retour au Pays Natal’. Aimé Césaire. [tradução, notas, bibliografia e posfácio Lilian Pestre de Almeida]. Edição bilingue. São Paulo: Edusp, 2012; 2021.
:: Eu, laminária… Aimé Césaire. [tradução, posfácio e notas de Lilian Pestre de Almeida; capa François Muleka]. São Paulo: Editora Papéis Selvagens, 2022. {Apoio: Embaixada da França no Brasil}.
Teatro
:: Aimé Césaire, textos escolhidos: A tragédia do rei Christophe, Discurso sobre o colonialismo, Discurso sobre a negritude. [tradutor Sebastião Nascimento; coordenador da coleção José Fernando Peixoto de Azevedo; capa Thiago Lacaz]. Coleção Encruzilhada. Rio de Janeiro: Editora Cobogó, 2022.
:: Uma temporada no Congo / ‘Une Saison au Congo’. Aimé Césaire. [tradução Joao Vicente, Juliana Estanislau de Ataide Mantovani e Maria da Gloria Magalhaes dos Reis; prefácio Eric Vuillard, João Vicente, Juliana Estanislau de Ataide Mantovani e Maria da Gloria Magalhaes dos Reis; posfácio Kabengele Munanga]. São Paulo: Editora Temporal, 2022.
:: Uma Tempestade. Aimé Césaire. [tradução Margarete Nascimento dos Santos; prefácio Eurídice Figueiredo]. São Paulo: Temporal Editora, 2024.
Ensaio / Discurso
:: Discurso sobre a Negritude de Aimé Césaire. [organização Carlos Moore; tradução Ana Maria Gini Madeira]. Coleção Vozes da Diáspora Negra, v. 3. Belo Horizonte: Nandyala, 2010.
:: Discurso sobre o colonialismo. Aimé Césaire. [tradução de Anísio Garcez Homem]. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.
:: Discurso sobre o colonialismo. Aimé Césaire [tradução e notas Claudio Willer; ilustração Marcelo D’Salete]. São Paulo: Editora Veneta, 2020.
Em antologia
:: Poesia traduzida: Carlos Drummond de Andrade. [organização e notas Augusto Massi e Julio Castañon Guimarães; introdução Julio Castañon Guimarães]. São Paulo: Cosac e Naif, 2011.
:: A poesia engajada: antologia. [tradução Jardel Cavalcanti]. Edição bilíngue. Londrina: Galileu Edições, 2023. {poetas incluídos: Paul Éluard, Antonio Machado, Pablo Neruda, Louis Aragon, René Char, Robert Desnos, Primo Levi, Bóris Vian, Aimé Césaire, Jean Wahl, Marianne Cohn, Pierre Emmanuel, Philippe Souapault, Alain Bousquet, Louis Calaferte, Eugène Guilevic, Claude Roy, Léon-Gontram Damas, David Diop, Véronique Tadjo, Andrée Chedid, Nânzin Hikmet, Félix Leclerc, Jean Orizet}.
Aimé Césaire em Portugal
Poesia
:: Antologia Poética. Aimé Césaire. [selecção e tradução Armando da Silva Carvalho]. Colecção Cadernos de Poesia, n. 16. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1970.
Teatro
:: E os cães deixaram de ladrar. Aimé Cesaire. [tradução Armando da Silva Carvalho; capa e ilustrações de Dorindo Carvalho]. Colecção Teatro, dirigida por Orlando Neves, n.º 1. Lisboa: Diabril, 1975.
Ensaios / discursos
:: Discurso sobre o colonialismo. Aimé Cesaire. [tradução do francês por Noémia de Sousa; prefácio Mário Pinto de Andrade; capa Vitor da Silva]. Colecção Cadernos Livres, n. 15. Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora, 1978. Disponível no link. (acessado em 26.3.2024).
:: Discursos Sobre o Colonialismo – seguido de Discurso sobre a Negritude. Aimé Cesaire. [tradução Diogo Paiva]. VS. Editor, 2023.
“Falo de milhões de homens arrancados aos seus deuses, à sua terra,
aos seus hábitos, à sua vida, à vida, à dança, à sabedoria. Falo de
milhões de homens a quem inculcaram sabiamente o medo, o
complexo de inferioridade, o tremor, a genuflexão, o desespero, o
servilismo.”
– Aimé Césaire, em “Discurso sobre o colonialismo”. [tradução do francês por Noémia de Sousa; prefácio Mário Pinto de Andrade]. Colecção Cadernos Livres, n. 15. Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora, 1978, p. 25 e 26.
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Aimé Césaire – poeta, dramaturgo, ensaísta e político
SELETA DE POEMAS DO POETA AIMÉ CÉSAIRE | EM EDIÇÃO BILÍNGUE
BATUQUE
Batuque
quando o mundo ficar mais nu e ruivo
que nem a matriz calcinada pelos grandes sóis do amor
batuque
quando, sem sindicância, for o mundo
um coração maravilhoso onde se imprima o cenário
dos olhares em cintilante fragmentação
pela primeira vez
quando os magnetismos pegarem as estrelas na ratoeira
quando amor e morte forem
a mesma cobra-coral restaurada em volta
do braço sem joias
sem defesa
sem picumã
batuque do rio engrossado com lágrimas de jacaré e chicotes à deriva
batuque da árvore das serpentes, de dançarinos de campina
rosas de Pensilvânia olham os olhos, o nariz, os ouvidos,
as janelas da cabeça serrada
de supliciado
batuque da mulher de braços de mar, de cabelos de fonte submarina
a rigidez cadavérica transforma os corpos
em pranto de aço
todos os enfolhados gafanhotos compõem mar de iúcas azuis e de jangadas
todos os fantasmas neuróticos tomaram o
freio nos dentes
batuque
quando o mundo for de abstração encantada,
brotos e sal-gema
os jardins do mar
pela primeira e última vez
flamba, amendoeira de naufrágio, um mastro de caravela esquecida
um coqueiro, um baobá, uma folha de papel
um indulto negado
batuque
quando o mundo for uma mina a céu aberto
quando ele for, do alto da passarela
meu desejo
teu desejo
conjugados – um pulo – no vácuo respirado
no pára-brisa de nossos olhos rebentam
todas as poeiras de sóis provocadas de pára-quedas
de incêndios voluntários de auriflamas de trigo rubro
batuque dos olhos açucarados de febre
… O Congo é um salto de sol poente na ponta do fio
um balde de cidades sangrentas
moita de erva-cidreira na noite forçada
batuque…
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BATOUQUE
batouque
quand le monde sera nu et roux
comme une matrice calcinée par les grands soleils de l’amour
batouque
quand le monde sera sans enquête
un cœur merveilleux où s’imprime le décor
des regards brisés en éclats
pour la première fois
quand les attirances prendront au piège les étoiles
quand l’amour et la mort seront
un même serpent corail ressoudé autour d’un bras sans joyau
sans suie
sans défense
batouque du fleuve grossi de larmes de crocodiles et de fouets à la dérive
batouque de l’arbre aux serpents des danseurs de la prairie
des roses de Pennsylvanie regardent aux yeux au nez aux oreilles
aux fenêtres de la tête sciée
du supplicié
batouque de la femme aux bras de mer aux cheveux de source sous-marine
la rigidité cadavérique transforme
les corps
en larmes d’acier,
tous les phasmes feuillus font une mer de youcas bleus et de radeaux
tous les fantasmes névrotiques ont pris le mors aux dents
batouque
quand le monde sera, d’abstraction séduite,
de pousses de sel gemme
les jardins de la mer
pour la première et la dernière fois
un mât de caravelle oubliée flambe amandier du naufrage
un cocotier un baobab une feuille de papier
un rejet de pourvoi
batouque
quand le monde sera une mine à ciel découvert
quand le monde sera du haut de la passerelle
mon désir
ton désir
conjugués en un saut dans le vide respiré
à l’auvent de nos yeux déferlent
toutes les poussières de soleils peuplées de parachutes
d’incendies volontaires d’oriflammes de blé rouge
batouque des yeux pourris
batouque des yeux de mélasse
batouque de mer dolente encroûtée d’îles
le Congo est un saut de soleil levant au bout d’un fil
un seau de villes saignantes
une touffe de citronnelle dans la nuit forcée
batouque
– Aimé Césaire [tradução Carlos Drummond de Andrade]. In: Poesia traduzida: Carlos Drummond de Andrade. organização e notas Augusto Massi e Julio Castañon Guimarães; introdução Julio Castañon Guimarães. São Paulo: Cosac e Naif, 2011.
§§
BELO SANGUE JORRADO
cabeça troféu membros lacerados
dardo assassino belo sangue jorrado
ramagens perdidas margens contentes
infâncias infâncias conto demasiado revolvido o amanhecer sobre a
corrente morde feroz para nascer
ó assassino atrasado
o pássaro de plumas outrora mais belas que o passado
exige a conta de suas plumas dispersas
**
BEAU SANG GICLÉ
tête trophée membres lacérés
dard assassin beau sang giclé
ramages perdus rivages ravis
enfances enfances conte trop remué l’aube sur sa
chaîne mord féroce à naître
ô assassin attardé
l’oiseau aux plumes jadis plus belles que le passé
exige le compte de ses plumes dispersées
– Aimé Césaire, em “Poemas”. [tradução de Nelson Ubaldo e Péricles Prade]. Edição bilíngue. Blumenau: Letras Contemporâneas, 2006.
§§
PRECEITO
É bom que eu entre como selvagem hirsuto coberto pelos
Espinhos dos caminhos
Pelo arco de três portas das vigorosas selvas
Excluído mas violador de santuários
E entrando pelo triunfante portal do mar
Escavando em solavancos o pudor da pedra
Banido do branco pão da festa das crianças
Mas entrando com minha estranha garganta na garganta do
Vento que morde
A planta nua de ser estranho riso obsceno
Um país negro é como um sonho negro fiel
Ébrio do puro vinho do leite negro da terra.
**
PRÉCEPTE
C’est bien je ne rentrerai que sauvage hirsute
d’épines de chemins
par l’arc à trois portes des selves vigoureuses
exclu mais violeur des sanctuaires
et rentrant par le triomphant portail
de la mer défonçant par saccades la pudeur de la pierre
au ban du pain blanc de la fête des enfants
mais avec ma rare gueule rentrant la gueule
du vent mordant
le buisson nu de son rare rire obscène
un pays noir c’est selon un noir
sommeil fidèle saoul du pur vin du lait noir de la terre
– Aimé Césaire, em “Poemas”. [tradução de Nelson Ubaldo e Péricles Prade]. Edição bilíngue. Blumenau: Letras Contemporâneas, 2006.
§§
CARTA DA BAHIA-DE-TODOS-OS-SANTOS
Bahi-a
Como um violento gole de cachaça na garganta de Exu a palavra delirou em mimum grito de ilhas verdes mulheres nadando dispersas entre a imponência das frutas e o um vôo de papagaios
Bahia-a
A circunferência de um colar depoistado sobre o peito do mar atirando sobre os moldes de hálito de ressaca
Bahi-a
à deriva de continentes, movimento de terra, bocejo geológico na hora alegre de aportar, o todo entregue à âncora e mal-adaptado ao lugar
Bahi-a
de nostalgia, de gengibre e de pimenta, Bahia das filhas de santo, das mulheres de Deus das cascas de camarão rosa, e também da doce aparência do vatapá.
Ah! Bahi-a
Bahia de bênção! de conivências! de poderes! Campo Grande para as grandes manobrasdo insólito! de todas as comunicações com o desconhecido, Central e Alfândega!
De Ogum ou de São Jorge não se sabe, nuvens solenes cruzaram a espada, trocaram pérolas, búzios rosas, búzios malva, aranhas adamascadas, baratas vorazes e largatos raros
e a palavra termina na duvidosa decadência das mais altas senhorias do céu.
Ah! Bahi-a
Foi então um torpor de incenso debruado de outro numa pesada sesta onde se fundiam igrejas azulejadas e ecos de tambor além das colinas, espoucar de foguetes dos deuses satisfeitos, de onde a aurora desalojou, muiot terna, imponentes moças cor de jacarandá, penteado lentamente seus cabelos de algas.
**
LETTRE DE BAHIA-DE-TOUS-LES SAINTS
Bahii-a
Comme un scélérat coup de cachaça dans la gorge d’Exu et le mot délira en moi en un hennissement d’îles vertes femmes nageuses éparpillées parmi la jactance des fruits et un écroulement de perroquets
Bahii-a
la courbe d’un collier dévalé vers la poitrine dévoilée de la mer bien lovant au creux sa touffure de ressac
Bahii-a
dérive de continents, un en-aller de terre, un bâillement géologique à l’heure fastueuse de l’échouage, le tout assoupi à l’ancre et mal dompté au lieu
Bahii-a
de nostalgie, de gingembre et de poivre, Bahia des filles de saints, des femmes de Dieu, à peau de crevettes rose, à peau douce aussi de la sauce vatapa
Ah! Bahii-a!
Bahia d’ailes! de connivences! de pouvoirs! Campo grande pour les grandes manœuvres de l’insolite! De toutes les communications avec l’inconnu, Centrale et Douane!
De fait, d’Ogu ou de Saint Georges, on ne sait, des nuages solennels croi- sèrent l’épée, échangèrent des perles, des claies, des cauris roses, des cauris mauves, des araignées damasquinées, des carabes voraces, des lézards rares
et le mot se termina dans le délabrement interlope des plus hautes seigneu- ries du ciel
Ah! Bahia!
Ce fut alors un engourdissement d’encens carrelé d’or dans une lourde sieste où se fondaient ensemble des églises azulejos, des clapotis d’outre-mornes de tambours, des fusées molles de dieux comblés, d’où l’aube débusqua, très tendre, de graves filles couleur jacaranda, peignant lentement leurs cheveux de varech.
– Aimé Césaire, em “Poemas”. [tradução de Nelson Ubaldo e Péricles Prade]. Edição bilíngue. Blumenau: Letras Contemporâneas, 2006.
§§
para dizer…
para revitalizar o rugido das fosfenas
o âmago oco dos cometas
para reavivar o verso solar dos sonhos
sua lactância
para ativar o fresco fluxo das seivas a memória dos silicatos
fúria dos povos sumidouro dos deuses seu salto
esperar a palavra seu ouro sua orla
até a ignífera
sua boca
**
pour dire…
pour revitaliser le rugissement des phosphènes
le coeur creux des comètes
pour raviver le verso solaire des rêves
leur laitance
pour activer le frais flux des sèves la mémoire des silicates
colère des peuples débouché des Dieux leur ressaut
patienter son or son orle
jusqu’à l’ignivome
sa bouche
– Aimé Césaire [tradução Leo Gonçalves]. In: Salamandro / Leo Gonçalves, 22 de abril 2008.
§§
dorsal bossal
existem vulcões que falecem
existem vulcões que permanecem
existem vulcões que só estão lá para ficar ao vento
existem vulcões loucos
existem vulcões bêbados à deriva
existem vulcões que vivem em matilhas e vigiam
existem vulcões cuja goela emerge de tempos em tempos
verdadeiros cães do mar
existem vulcões que velam a face sempre nas nuvens
existem vulcões esparramados como extenuados rinocerontes
em que se pode apalpar o bolso galáctico
existem vulcões pios que elevam monumentos à glória dos povos desaparecidos
existem vulcões vigilantes
vulcões que uivam
montando guarda às portas do Kraal dos povos adormecidos
existem vulcões fantásticos que aparecem
e desaparecem
(são jogos lemurianos)
não esquecer os que não são os menores
os vulcões que nenhuma dorsal jamais recuperou
que de noite os rancores se constroem
existem vulcões cuja forma da boca tem a medida exata da ferida antiga
……………………………………………………………………………. (De ‘Eu, laminária…’)
**
Il y a des volcans qui se meurent,
Il y a des volcans qui demeurent,
Il y a des volcans qui ne sont là que pour le vent,
Il y a des volcans fous,
Il y a des volcans ivres à la dérive,
Il y a des volcans qui vivent en meute et patrouille,
Il y a des volcans dont la gueule émerge de temps en temps, véritable chiens de la mer,
Il y a des volcans qui se voilent la face, toujours dans les nuages,
Il y a des volcans vautrés comme des rhinocéros fatigués dont on peut palpés la poche galactique
Il y a des volcans pieux, qui élèvent des monuments à la gloire des peuples disparus,
Il y a des volcans vigilants, des volcans qui aboies montant la garde au seuil du Kraal du peuple endormis,
Il y a des volcans fantasques, qui apparaissent et disparaissent, ce sont jeux lémuriens,
Il ne faut pas oublier, ceux qui ne sont pas des moindres, les volcans qu’aucune dorsales n’a jamais repérés
Et dont, la nuit les rancunes se construise
Il y a des volcans, dont l’embouchure, est à la mesure exacte de l’antique déchirure
………………………………………(De ‘Moi, laminaire’)
– Aimé Césaire [tradução Leo Gonçalves]. In: Salamandro / Leo Gonçalves, 25.6.2013.
§§
PARTIR
Assim como existem homens-hiena e
homens-pantera, eu serei um
…………………………………. homem-judeu,
um homem-cafre
um homem-hindu-de-Calcutá
um homem-do-Harlem-sem-direito-de-votar
o homem-com-fome, o homem-insulto,
o homem-tortura que pudesse ser preso
a qualquer momento, moído a porradas,
e até morto sem terem que
por isso pedir perdão
…………………………………. a ninguém.
um homem-judeu
um homem-pogrom
um cachorrinho
um mendigo.
é possível matar o Remorso, tão belo
como o rosto surpreso de uma dama
inglesa que encontrasse na sopa
um crânio de hotentote?
Eu encontraria o segredo das grandes comunicações
e das grandes combustões. Eu diria tempestade.
Diria rio. Diria ciclone. Diria folha.
Diria árvore. E as chuvas me molhariam,
e úmido de orvalhos eu seria. Correria como sangue
frenético na corrente lenta do olho das palavras,
em cavalos loucos em crianças en coágulos
em toque de recolher em templos em ruínas em pedras
preciosas tão distantes para desencorajar mineiros.
Quem não me entendesse nunca entenderia
o rugido do tigre.
………………………………………………………… (fragmento de ‘Diário de um Retorno ao País Natal’)
**
PARTIR
Comme il y a des hommes-hyènes et des
hommes-panthères, je serais un
…………………………………….. homme-juif
un homme-cafre
un homme-hindou-de-Calcutta
un homme-de-Harlem-qui-ne-vote-pas
l’homme-famine, l’homme-insulte, l’homme-torture
on pouvait à n’importe quel moment le saisir le rouer
de coups, le tuer – parfaitement le tuer – sans avoir
de compte à rendre à personne
sans avoir d’excuses à présenter à
…………………………………….. personne
un homme-juif
un homme-pogrom
un chiot
un mendigot
mais est-ce qu’on tue le Remords, beau
comme la face de stupeur d’une dame
anglaise qui trouverait dans sa soupière
un crâne de um hotentote?
Je retrouverais le secret des grandes communications
et des grandes combustions. Je dirais orage.
Je dirais fleuve. Je dirais tornade. Je dirais feuille.
Je dirais arbre. Je serais mouillé de toutes les pluies,
humecté de toutes les rosées. Je roulerais comme du sang
frénétique sur le courant lent de l’oeil des mots
en chevaux fous en enfants frais en caillots
en couvre-feu en vestiges de temple en pierres
précieuses assez loin pour décourager les mineurs.
Qui ne me comprendrait pas ne comprendrait pas
davantage le rugissement du tigre.
……………………………………………………… (fragment de ‘Cahier d’un retour au pays natal)
– Aimé Césaire [tradução Vanderley Mendonça]. In: Vanderley Mendonça/facebook, 22 de março de 2019.
§§
PROFECIA
lá onde a aventura guarda os olhos claros
lá onde as mulheres irradiam de linguagem
lá onde a morte é bela na mão como um pássaro estação de leite
lá onde o subterrâneo colhe de sua própria genuflexão um luxo de pupilas mais violento que lagartas
lá onde a maravilha ágil faz flecha e fogo de toda madeira
lá onde a noite vigorosa sangra uma velocidade de puros vegetais
lá onde as abelhas das estrelas picam o céu de colmeia mais ardente que a noite
lá onde o barulho de meus saltos enche o espaço ergue às avessas a face do tempo
lá onde o arco-íris de minha palavra está carregado de unir o amanhã à esperança e o infante à rainha,
por ter injuriado meus mestres mordido os soldados do sultão
por ter gemido no deserto
por ter gritado para meus guardiões
por ter suplicado aos chacais e às hienas pastores de caravanas
eu olho
a fumaça se precipita em cavalo selvagem sobre o fundo da cena embainha um instante a lava de sua frágil cauda de pavão depois se rasgando a camisa abre de uma vez o peito e eu a olho em ilhas britânicas em ilhotas em rochedos despedaçados a dissolver pouco a pouco no mar lúcido do ar
onde se banham proféticos
minha garganta
………minha revolta
………….meu nome.
………………………………………………. (Les armes miraculeuses, 1946)
**
PROPHÉTIE
là où l’aventure garde les yeux clairs
là où les femmes rayonnent de langage
là où la mort est belle dans la main comme un oiseau
…saison de lait
là où le souterrain cueille de sa propre génuflexion un luxe
…de prunelles plus violent que des chenilles
là où la merveille agile fait flèche et feu de tout bois
là où la nuit vigoureuse saigne une vitesse de purs végétaux
là où les abeilles des étoiles piquent le ciel d’une ruche
…plus ardente que la nuit
là où le bruit de mes talons remplit l’espace et lève
…à rebours la face du temps
là où l’arc-en-ciel de ma parole est chargé d’unir demain
…à l’espoir et l’infant à la reine,
d’avoir injurié mes maîtres mordu les soldats du sultan
d’avoir gémi dans le désert
d’avoir crié vers mes gardiens
d’avoir supplié les chacals et les hyènes pasteurs de caravanes
je regarde
la fumée se précipite en cheval sauvage sur le devant
…de la scène ourle un instant la lave de sa fragile queue
…de paon puis se déchirant la chemise s’ouvre d’un coup
…la poitrine et je la regarde en îles britanniques en îlots
…en rochers déchiquetés se fondre peu à peu dans la mer
…lucide de l’air
où baignent prophétiques
ma gueule
…….. ma révolte
………..mon nom.
………………………………………………. (Les armes miraculeuses, 1946)
– Aimé Césaire [tradução Floriano Martins]. In: Aimé Césaire e o Milagre da Escrita (Martinica, 1913 – 2008). Apresentação e tradução Floriano Martins. In: Revista Acrobata / Floriano Martins, 18 de junho de 2020
§§
MÁGICO
com um naco de céu sobre um quinhão de terra
vocês feras que assobiam sobre o rosto desta morta
vocês livres avencas por entre as rochas assassinas
no extremo da ilha por entre les conchas muito vastas para seu destino
quando o meiodia cola seus timbres ruins sobre as dobras tempestuosas da loba
fora do quadro de ciência nula
e a boca de paredes do ninho sufeta das ilhas engolidas como um tostão
com um naco de céu sobre um quinhão de terra
profeta das ilhas esquecidas como um tostão
sem sono sem vigília sem dedo sem palancre
quando o tornado passa roedor do pão das cabanas
vocês feras que assobiam sobre o rosto dessa morta
a bela onça da luxúria e o caracol operculado
mole deslizamento dos grãos do verão que fomos
belas carnes a transpassar com o tridente das araras
quando as estrelas chanceleiras de cinco galhos
trevos do céu como gotas de leite derramado
reajustam um deus negro mal nascido de seu trovão
………………………………………………(Cadastre, 1961)
**
MAGIQUE
avec une léche de ciel sur un quignon de terre
vous bêtes qui sifflez sur le visage de cette morte
vous libres fougères parmi les roches assassines
à l’extreme de l’île parmi les conques trop vastes pour le destin
lorsque midi colle se mauvais timbres sur les plis tempétieux de la louve
hors cadre de science nulle
et la bouche aux parois du nid suffète des îles englouties comme um sou
avec une léche de ciel sur un quignon de terre
prophète des îles oublièes comme um sou
sans sommeil sans veille sans doigts sans palancre
quand la tornade passe tongeur du pain des cases
vous bêtes qui sifflez sur la visage de cette morte
la belle once de la luxure et la coquille operculée
mol glissement des grains de l’été que nous fûmes
belles chairs à transpercer du trident des aras
lorsque les étoiles chancelières de cinq branches
trèfles au ciel comme des gouttes de lait chu
réajustent um dieu noir mal né de son tonnerre
………………………………………………(Cadastre, 1961)
– Aimé Césaire [tradução Floriano Martins]. In: Aimé Césaire e o Milagre da Escrita (Martinica, 1913 – 2008). Apresentação e tradução Floriano Martins. In: Revista Acrobata / Floriano Martins, 18 de junho de 2020.
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- Aimé Césaire – poeta, dramaturgo, ensaísta e político
AIMÉ CÉSAIRE – POEMAS EM TRADUÇÕES PORTUGUESAS
A RODA
A roda é a mais bela descoberta do homem e a única
existe o sol que roda
a terra que roda
existe o teu rosto que roda sobre o eixo do teu pescoço quando choras
mas vós minutos não enrolareis na bobina da vida
o sangue lambido
a arte de sofrer aguçada como cotos de árvore pelas facas do inverno
a corça louca de sede
que vem mostrar-me à beira de água
teu rosto de escuna desmastrada
teu rosto
como uma aldeia adormecida no fundo de um lago
e que renasce na manhã da relva
semente dos anos
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LA ROUE
La roue est la plus belle découverte de l’homme et la seule
il y a la soleil qui tourne
il y a la terre qui tourne
il y a ton visage qui tourne sur l’essieu do ton cou quand te pleures
mais vous minutes n’enrolerez-voux pas sur la bobine à vivre
le sang lapé
l’art de souffrir aiguisé comme des moignons d’arbre par les couteaux de l’hiver
la biche saoule de ne pas boire
qui me pose sur la margelle inattendue ton
visage de goélette démâtée
ton visage
comme un village endormi au fond d’un lac
et qui renait au jour de l’hérbe et de l’année
germe
– Aimé Césaire, em “Antologia Poética – Aimé Césaire”. selecção e tradução Armando da Silva Carvalho. Colecção Cadernos de Poesia, n. 16. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1970.
§§
ENTRE OUTROS MASSACRES
O sol e a lua lutam entre si como gigantes
As estrelas caem como testemunhas que amadureceram
Como uma ninhada de ratos cinzentos
Não tenhas medo apresta as grossas águas
Que arrebatam as margens e forçam os espelhos
Alguém colocou lama nos meus olhos
E eu vejo terrivelmente vejo
Que das montanhas e de todas as ilhas
O que resta são alguns maus destroços
Da impenitente saliva das marés
**
ENTRE AUTRES MASSACRES
De toutes leurs forces le soleil et la lune s’entrechoquent
les étoiles tombent comme des témoins trop mûrs
et comme une portée de souris grises
ne crains rien apprête tes grosses eaux
qui si bien emportent la berge des miroirs
ils ont mis de la boue sur mês yeux
et vois je vois terriblement je vois
de toutes les montagnes de toutes les îles
il ne reste plus rien que les quelques mauvais chicots
de l’impénitente salive de la mer
– Aimé Césaire, em “Antologia Poética – Aimé Césaire”. selecção e tradução Armando da Silva Carvalho. Colecção Cadernos de Poesia, n. 16. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1970.
§§
CONQUISTA DO AMANHECER
Morremos as nossas mortes nas florestas de eucaliptos gigantes, mimando os encalhes de forros estranhos,
no país onde crescer
é uma drosera irrespirável
pastando na boca das luzes sonâmbulas
embriagada
guirlanda muito bêbada roubando de uma forma evidente
as nossas pétalas de som
na chuva campanular de sangue azul,
Nós morremos
com olhares crescendo em amores extáticos em
quartos comidos por vermes, sem uma palavra sufocada nos nossos
bolsos, como uma ilha
que se afunda na explosão enevoada dos seus pólipos –
a noite.
Nós morremos
entre as substâncias vivas inchadas de forma anedótica com premeditações
um arborizado que apenas jubila, que apenas rasteja no próprio coração
dos nossos gritos, que só pestanejam nas vozes das crianças,
que só rastejam pelas pálpebras no degrau perfurado
miriápodes sagrados, lágrimas silenciosas,
Morremos uma morte branca florescendo como a mesquita, seu esplêndido peito de ausência onde a aranha-pérola saliva sua ardente melancolia de mim convulsiva
na conversão inevitável do
fim.
Morte maravilhosa de nada.
Um cadeado fornecido para as fontes mais secretas da
árvore do viajante que se alarga nos quadris de uma gazela desatenta
Morte maravilhosa de nada
Os sorrisos escaparam do laço da complacência
a vender as joias de inestimável valor da sua infância
no auge da feira dos sensíveis no avental do anjo
na temporada da abertura da minha voz
na inclinação suave da minha voz
ruidosamente
a adormecer.
Morte maravilhosa de nada
Ah! a garça depositou o orgulho infantil a ternura divina
aqui nas portas mais polidas que os joelhos da prostituição – o castelo dos orvalhos – o meu sonho
onde adoro a secura dos corações inúteis
(com excepção do triângulo da orquídea que sangra violentamente como o
silêncio da planície) a jorrar
numa glória de trombetas grátis com casca escarlate e coração não cremoso, escondendo da voz
ampla precipícios do incêndio criminoso e tumultos inebriantes da cavalgada.
**
CONQUETE DE L’AUBE
Nous mourons notre mort dans des forêts d’eucalyptus géants dorlotant des échouages de paquebots saugrenus,
dans le pays où croître
drosera irrespirable
pâturant aux embouchures des clartés somnambules
ivre
très ivre guirlande arrachant démonstrativement
nos pétales sonores
dans la pluie campanulaire de sang bleu,
Nous mourons
avec des regards croissant en
amours extatiques dans des salles vermoulues, sans parole de barrage dans nos poches, comme une île
qui sombre dans l’explosion brumeuse de ses polypes
– le soir,
Nous mourons
parmi les substances vivantes renflées anecdotiquement de préméditations
arborisées qui seulement jubilent, qui seulement s’insinuent au coeur même
de nos cris, qui seulement se feuillent de voix d’enfant,
qui seulement rampent au large des paupières dans la marche percée
des sacrés myriapodes des larmes silencieuses,
Nous mourons d’une mort blanche fleurissant de mosquées son poitrail d’absence splendide où l’araignée de perles salive son ardente mélancolie de monère convulsive
dans l’inénarrable conversion de la
Fin.
Merveilleuse mort de rien.
Une écluse alimentée aux sources les plus secrètes de
l’arbre du voyageur s’évase en croupe de gazelle inattentive
Merveilleuse mort de rien
Les sourires échappés au lasso des complaisances
écoulent sans prix les bijoux de leur enfance
au plus fort de la foire des sensitives en tablier d’ange
dans la saison liminaire de ma voix
sur la pente douce de ma voix
à tue-tête
pour s’endormir.
Merveilleuse mort de rien
Ah! l’aigrette déposée des orgueils puérils les tendresses devinées
voici aux portes plus polies que les genoux de la prostitution – le château des rosées – mon rêve
où j’adore du dessèchement des coeurs inutiles
(sauf du triangle orchidal qui saigne violent comme le
silence des basses terres) jaillir
dans une gloire de trompettes libres à l’écorce écarlate coeur non crémeux, dérobant à la voix
large des précipices d’incendiaires et capiteux tumultes de cavalcade.
– Aimé Césaire. [tradução Nicolau Saião]. In: Revista Acrobata, 28 de janeiro de 2022.
§§
A MULHER E A CHAMA
Um pouco de luz que desce a nascente de um olhar
sombra gêmea do cílio e do arco-íris num rosto
e ao seu redor
quem lá vai angelicamente
vaguear
Mulher o clima de agora
e o tempo actual pouco importam para mim
pois a minha vida está sempre à frente de um furacão
Tu és a manhã que desce sobre a lâmpada com uma pedra noturna
entre os dentes
tu és a passagem das aves marinhas e também
és o vento através das junqueiras salgadas da consciência
insinuando-se de outro mundo
Mulher
tu és um dragão cuja cor adorável se dispersa e escurece tanto
como a constituição do canto inevitável das coisas
Estou acostumado a roçar os incêndios
estou acostumado com cinzentos ratos do mato e íbis de bronze da chama
Mulher ficheiro do lindo fantasma da trave
capacete de algas de eucalipto
o amanhecer não é
o abandono das fitas
de um muito saboroso nadador.
**
LA FEMME ET LA FLAMME
Un morceau de lumière qui descend la pente d’un regard
l’ombre jumelle du cil et de l’arc-en-ciel sur le visage
et alentour
qui va là angélique
et amble
Femme le temps qu’il fait
le temps qu’il fait peu m’importe
ma vie est toujours en avance d’un ouragan
tu es le matin qui fond sur le fanal une pierre de nuit
entre les dents
tu es le passage aussi d’oiseaux marins
toi qui es le vent à travers les ipoméas salés de la connaissance
d’un autre monde s’insinuant
Femme
tu es un dragon dont la belle couleur s’éparpille et s’assombrit
jusqu’à former l’inévitable teneur des choses
j’ai coutume des feux de brousse
j’ai coutume des rats de brousse de la cendre et des ibis mordorés de la flamme
Femme liant de misaine beau revenant
casque d’algues d’eucalyptus
l’aube n’est-ce pas
et au facile des lisses
nageur très savoureux
– Aimé Césaire. [tradução Nicolau Saião]. In: Revista Acrobata, 28 de janeiro de 2022.
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Aimé Césaire – poeta, dramaturgo, ensaísta e político / blog Aimé Césaire – Negritude
AIMÉ CÉSAIRE – POEMAS EM PROSA
Aimé Césaire, em “Diário de um Retorno ao País Natal / Cahier d un Retour au Pays Natal . Aimé Césaire”. [tradução, notas, bibliografia e posfácio Lilian Pestre de Almeida]. Edição bilingue. São Paulo: Edusp, 2012.
DIÁRIO DE UM RETORNO AO PAÍS NATAL
E não são unicamente as bocas que cantam, mas as mãos, os pés, as nádegas, os sexos, e a criatura inteira que se liquefaz em sons, voz e ritmo.
Chegando ao ápice de sua ascensão, a alegria arrebenta como uma nuvem. Os cantos não param, mas rolam agora inquietos e pesados pelos vales do medo, os túneis da angústia e os fogos do inferno.
Cada um põe-se a comer o pão que o diabo mais próximo amassou até que o medo se desfaça invisivelmente nos finos areais do sonho, e vive-se verdadeiramente como num sonho, e bebe-se e grita-se e canta-se como num sonho, cochilando também como num sonho com pálpebras de pétalas de rosa, e o dia chega aveludado como um sapoti, e o aroma de chorume dos cacaueiros, e os perus que desfilam suas pústulas rubras ao sol, e a obsessão dos sinos, e a chuva
os sinos… a chuva…
que repicam, repicam, repicam…
No fim da madrugada, essa cidade achatada – exposta…
………………………………………………………………………………………………. [p. 21]
**
Quem e o que somos? Admirável pergunta!
De tanto olhar as árvores tornei-me uma árvore
e meus longos pés de árvores cavaram no solo
largas bolsas de veneno altas cidades de ossadas
de tanto pensar no Congo
tornei-me um Congo farfalhante de florestas e rios
onde o chicote estala como um grande estandarte
o estandarte do profeta
onde a água faz
licualá-licualá
onde o raio da cólera lança seu machado esverdeado e acua
os javalis da putrefação na bela orla
violenta das narinas
[p. 37]
E eis no fim desta madrugada minha prece viril
Que eu não ouça nem risos nem gritos, os olhos fixos
nessa cidade que profetizo, bela
dai-me a fé selvagem do feiticeiro
dai às minhas mãos poder de modelar
dai à minha alma a têmpera da espada
não me esquivo. Fazei da minha cabeça uma cabeça de
proa
e de mim mesmo, meu coração, não façais nem um pai nem
um irmão,
nem um filho, mas o pai, mas o irmão,
não um marido, mas o amante deste povo único.
Fazei-me rebelde a toda vaidade, mas dócil ao seu
gênio
Como o punho no estender do braço!
fazei-me comissário do seu sangue
fazei-me depositário do seu ressentimento
fazei de mim um homem de conclusão
fazei de mim um homem de iniciação
fazei de mim um homem de recolhimento
mas fazei também de mim um homem de semeadura
fazei de mim o executor dessas obras altas
é chegado o tempo de cingir os rins como um cavaleiro ─
Mas fazendo-o, meu coração, preservai-me de todo
ódio
Não façais de mim esse homem de ódio por quem
só tenho …..[ódio
Pois embora me restrinja a essa raça única
sabeis no entanto meu amor tirânico
sabeis que não é por ódio das outras
raças
que me exijo lavrador dessa raça única
o que quero
é pela fome universal
pela sede universal
intimá-la livre enfim
a produzir de sua intimidade fechada
a suculência dos frutos
……………………………………………………………………………………………….[p. 69].
**
porque não é verdade que a obra do homem está
acabada
que não temos nada a fazer no mundo
que parasitamos o mundo
que basta que marquemos o nosso passo pelo passo do mundo
ao contrário a obra do homem apenas
começou
e falta ao homem conquistar toda interdição
imobilizada nos recantos do seu fervor
e nenhuma raça possui o monopólio da beleza,
da inteligência, da força
e há lugar para todos no encontro marcado da
conquista e sabemos agora que o sol
gira em torno da terra iluminando a parcela
fixada por nossa única vontade e que toda estrela cai do
céu na terra pelo nosso comando sem limite.
……………………………………………………………………………………………….[p. 81]
***
CAHIER D UN RETOUR AU PAYS NATAL
Et ce ne sont pas seulement les bouches qui chantent, mais les mains, mais les pieds, mais les fesses, mais les sexes, et la créature tout entière qui se liquéfie en sons, voix et rythme.
Arrivée au sommet de son ascension, la joie crève comme un nuage. Les chants ne s’arrêtent pas, mais ils roulent maintenant inquiets et lourds par les vallées de la peur, les tunnels de l’angoisse et les feux de l’enfer.
Et chacun se met à tirer par la queue le diable le plus proche, jusqu’à ce que la peur s’abolisse insensiblement dans les fines sablures du rêve, et l’on vit comme dans un rêve véritablement, et l’on boit et l’on crie et l’on chante comme dans un rêve, et l’on somnole aussi comme dans un rêve avec des paupières en pétales de rose, et le jour vient velouté comme une sapotille, et l’odeur de purin des cacaoyers, et les dindons qui égrènent leurs pustules rouges au soleil, et l’obsession des cloches, et la pluie,
les cloches… la pluie…
qui tintent, tintent, tintent…
Au bout du petit matin, cette ville plate – étalée…
……………………………………………………………………………………………….[p. 21]
**
Qui et quels nous sommes? Admirable question!
A force de regarder les arbres je suis devenu un arbre
et mes longs pieds d’arbre ont creusé dans le sol de
larges sacs à venin de hautes villes d’ossements
à force de penser au Congo
je suis devenu un Congo bruissant de forêts et de
fleuves
où le fouet claque comme un grand étendard
l’étendard du prophète
où l’eau fait
likouala-likouala
où l’éclair de la colère lance sa hache verdâtre et force
les sangliers de la putréfaction dans la belle orée
violente des narines.
……………………………………………………………………………………………….[p. 37]
**
et voici au bout de ce petit matin ma prière virile
que je n’entende ni les rires ni les cris, les yeux fixés
sur cette ville que je prophétise, belle, donnez-moi la foi sauvage du sorcier
donnez à mes mains puissance de modeler donnez à mon âme la trempe de l’épée
je ne me dérobe point. Faites de ma tête une tête de
proue
et de moi-même, mon cœur, ne faites ni un père, ni un frère,
ni un fils, mais le père, mais le frère, mais le fils, ni un mari, mais l’amant de cet unique peuple.
Faites-moi rebelle à toute vanité, mais docile à son génie
comme le poing à l’allongée du bras! Faites-moi commissaire de son sang
faites-moi dépositaire de son ressentiment faites de moi un homme de terminaison
faites de moi un homme d’initiation
faites de moi un homme de recueillement
mais faites aussi de moi un homme d’ensemencement
faites de moi l’exécuteur de ces œuvres hautes
voici le temps de se ceindre les reins comme un
vaillant homme –
Mais les faisant, mon cœur, préservez-moi de toute
haine
ne faites point de moi cet homme de haine pour qui
je n’ai que haine
car pour me cantonner en cette unique race
vous savez pourtant mon amour tyrannique
vous savez que ce n’est point par haine des autres
races
que je m’exige bêcheur de cette unique race
que ce que je veux
c’est pour la faim universelle
pour la soif universelle
la sommer libre enfin
de produire de son intimité close
la succulence des fruits.
……………………………………………………………………………………………….[p. 69].
**
car il n’est point vrai que l’œuvre de l’homme est
finie
que nous n’avons rien à faire au monde
que nous parasitons le monde
qu’il suffit que nous nous mettions au pas du monde
mais l’œuvre de l’homme vient seulement de
commencer
et il reste à l’homme à conquérir toute interdiction
immobilisée aux coins de sa ferveur
et aucune race ne possède le monopole de la beauté,
de l’intelligence, de la force
et il est place pour tous au rendez-vous de la
conquête et nous savons maintenant que le soleil
tourne autour de notre terre éclairant la parcelle qu’à
fixée notre volonté seule et que toute étoile chute de
ciel en terre à notre commandement sans limite.
……………………………………………………………………………………………….[p. 81].
– Aimé Césaire, em “Diário de um Retorno ao País Natal / Cahier d un Retour au Pays Natal . Aimé Césaire”. [tradução, notas, bibliografia e posfácio Lilian Pestre de Almeida]. Edição bilingue. São Paulo: Edusp, 2012.
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Aimé Césaire, por Helton Mattei
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Aimé Césaire, por Olivier Balez / Le Monde
AIMÉ CÉSAIRE – DOCUMENTÁRIOS
AIMÉ Césaire, A Máscara das Palavras / ‘Aimé Césaire, The Mask of Words‘. Direção e roteiro: Sarah Maldoror. Fotografia: Jean-Pierre Caussidery. Martinica, EUA, 1987, 47 min.
CAHIER d’un retour au pays natal. Realização: Philippe Bérenger e Emmanuelle Daude. Roteiro: Philippe Bérenger, Patrick-Mario Bernard e Pierre Trividic. Produção: Olivier Roncin. França. Pois Chiche Films, RFO, Comédie Noire, BCI, Odysseus. 2008. DVD (69 min.), color | Fonte: Film Documentaire FR. / Disponível em Kaltura Mediaspace – University of Wisconsin-Madison (acessado em 26.3.2024)
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- Aimé Césaire – crédito: RCI, Martinique
FORTUNA CRÍTICA DE AIMÉ CÉSAIRE
AIMÉ. Blog Aimé Césaire – Negritude. Disponível no link. (acessado em 27.3.2024).
AIMÉ Césaire: poetry, surrealism and négritude. In: The Dalí Museum, September 10, 2021. Disponível no link. (acessado em 27.3.2024).
AIMÉ, Césaire. [trechos] ‘Textos escolhidos’: Aimé Césaire e o pensamento decolonial. In: Nexo Jornal, 15.7.2022. Disponível no link. (acessado em 28.3.2024).
ALMEIDA FILHO, Eclair Antonio. Traduções de poemas de André Breton, Benjamin Péret, Aimé Cesaire, Jacques Prévert, Robert Desnos e Paul Éluard. In: Zunái: Revista de Poesia & Debates, v. XIX, p. 1-15, 2009.
ALMEIDA, Lilian de.. O teatro negro de Aimé Césaire. Niterói: Editora da UFF-CEUFF, 1978.
ALMEIDA, Lilian Pestre de.. Aimé Césaire. Une saison em Haiti. Québec: Mémoires d’Encrier, 2010.
ALMEIDA, Lilian Pestre de.. Césaire hors frontières: Poétique, intertextualité et littérature comparée. Würzburg: Königshausen & Neumann, 2015.
ALMEIDA, Lilian Pestre de.. Novos caminhos no mundo Césaire. In: Agulha – Revista de Cultura, 6 de janeiro 2016. Disponível no link. (acessado em 27.3.2024)
ALMEIDA, Lilian Pestre de.. Un poème sur la longue durée, écrit et réécrit au fil du temps. In: Revue italienne d’études françaises [En ligne], 12 – 2022. Disponível no link. (acessado em 27.3.2024).
ALMEIDA, Lilian Pestre de; SCHEINOWITZ, Celina de Araújo. Deux entretiens avec Aimé Césaire. In: África – Revista do Centro de Estudos Africanos da USP, São Paulo, n. 6, p. 129-138, 1986. Disponível no link. (acessado em 26.3.2024)
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ANTOLOGIA / S15. O Rio de Memórias | Aimé Césaire. [organização Floriano Martins]. In: Agulha – Revista de Cultura; ARC Edições, 6 de janeiro 2016. Disponível no link. (acessado em 27.3.2024)
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FERNÁNDEZ, Marta. Aimé Césaire: as exclusões e violências da modernidade colonial denunciada em versos. In: Aureo Toledo. (Org.). Perspectivas pós-coloniais e decoloniais em relações internacionais. 1ed.: EDUFBA, 2021, v. , p. 35-56. Disponível no link. (acessado em 27.3.2024)
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FIGUEIREDO, Euridice. Constructions identitaires aux antilles: Aimé Césaire, Edouard Glissant et Patrick Chamoiseau. In: Caravela – Revista do Instituto Universitário Orientale Di Napoli, Napoli, v. 1, p. 83-101, 2002.
FIGUEIREDO, Euridice. “La tragedie du roi Christophe” d’Aimé Césaire.. In: Dialogues et Cultures, Quebec, v. 23/24, p. 304-307, 1982.
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FIGUEIREDO, Euridice. Do negro à negritude; significação do teatro histórico de Aimé Césaire. In: Revista África, n. 4, 1981. Disponível no link. (acessado em 27.3.2024)
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Caricatura: Aimé Césaire, por Bertrand Daullé
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Aimé Césaire, por Joachim Rossignol
“Sim, valeria a pena estudar — clinicamente, em detalhe — as ações de Hitler e do hitlerismo e revelar ao mui distinto, mui humanista, mui cristão burguês do século XX, que ele carrega em si um Hitler recôndito, que Hitler o habita, que Hitler é seu demônio, que, se ele o despreza, é por falta de lógica, e que, no fundo, o que ele não perdoa a Hitler não é o crime em si, o crime contra o ser humano, não é a humilhação do ser humano em si, é o crime contra o ser humano branco, é a humilhação do ser humano branco e o fato de ter aplicado à Europa métodos colonialistas que até ali estavam reservados apenas aos árabes da Argélia, aos cules da Índia e aos negros da África”
– Aimé Césaire. em “Aimé Césaire, textos escolhidos: A tragédia do rei Christophe, Discurso sobre o colonialismo, Discurso sobre a negritude.” [tradutor Sebastião Nascimento]. Rio de Janeiro: Editora Cobogó, 2022.
“A colonização, repito, desumaniza até o homem mais civilizado; a ação colonial, o empreendimento colonial, a conquista colonial fundada no desprezo pelo homem nativo e justificada por esse desprezo, inevitavelmente tende a modificar a pessoa que o empreende; o colonizador, ao acostumar-se a ver o outro como animal, ao treinar-se para tratá-lo como um animal, tende objetivamente, para tirar o peso da consciência, a se transformar, ele próprio, em animal”
– Aimé Césaire, em “Discurso sobre o colonialismo”. [tradução e notas Claudio Willer]. Editora Veneta, 2020.
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- Léopold Sédar Senghor, Senegalese poet, and the first president of Senegal, and Aimé Césaire, poet, author and politician from Martinique, attending the “Negritude, Ethnicity, and Afro Cultures in the Americas” conference held Feb. 26-28, 1987, Florida International University | Fonte: Dpanther
- La rencontre historique avec Aimé Césaire à qui Derek Walcott avait demandé la lecture d’un passage de sa poésie | France – Antilles/Martinique
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Aimé Césaire, por Jason Kibiswa / Studio Malaïka
© Pesquisa, seleção, edição e organização: Elfi Kürten Fenske
© Seleção e organização dos poemas: José Alexandre da Silva
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COMO CITAR:
FENSKE, Elfi Kürten; SILVA, José Alexandre da. (pesquisa, seleção, edição e organização). Aimé Césaire – poeta, dramaturgo, ensaísta e político caribenho. In: Templo Cultural Delfos, março/2024. Disponível no link. (acessado em …/…/…).
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:: Página atualizada em 28.3.2024.
:: Página original de MARÇO/2024