‘Ainda Estou Aqui’: livro que inspirou filme protagonizado por Fernanda Torres ganha ‘sequência’

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Nova obra de Marcelo Rubens Paiva vai explorar viés fascista do governo Bolsonaro com sua família: “Cuspiu no busto do meu pai, disse mentiras sobre ele ter participação na luta armada”

Por Alice Andersen, compartilhado de Fórum




O livro “Ainda Estou Aqui”, de Marcelo Rubens Paiva, está prestes a ganhar suas primeiras edições internacionais em Portugal e na Itália. A obra brasileira, que narra a história da família do autor marcada pela tortura e morte de seu pai, o deputado Rubens Paiva, segue os passos do filme homônimo de Walter Salles, protagonizado por Fernanda Torres e Selton Mello

O longa-metragem, que já causou grande repercussão no Festival de Veneza, onde conquistou o prêmio de melhor roteiro, abriu caminho para o sucesso internacional da obra literária. As edições traduzidas devem ser lançadas no ano que vem, segundo informações da Folha de S.Paulo.

Paiva também anunciou a continuação de sua obra de 2015, cuja importância se mantém surpreendentemente atual. Ainda sem título definido, o novo livro, já finalizado e entregue à Companhia das Letras, abordará os impactos da gestão Bolsonaro no país. Em entrevista à Folha, o escritor disse que vai ser sobre como a sua família sofreu durante o período de Bolsonaro. “Era nosso inimigo pessoal e nós nem sabíamos disso”, disse ele. “Bolsonaro cuspiu no busto do meu pai, disse mentiras sobre ele ter participação na luta armada.”

Marcelo Rubens Paiva revela que seu novo livro não vai focar apenas no governo do ex-presidente, mas abordará a década que mudou tudo, a partir de 2013, momento em que se tornou pai e viu suas obras, conhecidas por seu tom contestatório, serem alvo de perseguição pelo movimento Escola sem Partido

A ideia de tratar a obra como uma “sequência” está ligada à morte de Eunice Paiva, mãe do autor e protagonista de “Ainda Estou Aqui”, que faleceu um mês antes da posse de Jair Bolsonaro — o que, segundo Paiva, simboliza a ascensão de uma onda autoritária de direita global. Ele acredita que esse contexto ajuda a explicar o interesse renovado pelo livro. 

“Quando você fala de uma família que foi atacada num processo kafkiano de violência sem explicação, está falando a famílias de muitos países amedrontadas com o que vai acontecer com elas”, afirma Paiva, referindo-se ao avanço da direita extremista em países como Itália, Alemanha e França.

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