Por Kiko Nogueira, com reportagem de Pedro Zambarda no Diário do Centro do Mundo –
O Cafezinho publicou, no dia 5 de outubro, um levantamento mostrando a bolada que o governo Michel Temer pagou à imprensa amiga desde que assumiu. O golpe estava consolidado e o presidente recompensou seus sócios.
A TV Globo, por exemplo, teve um aumento de 23% nas verbas publicitárias. Nos governo Lula e Dilma, ela já havia abocanhado R$ 6,2 bilhões.
Mas isso você já sabe.
Pouco se fala, contudo, do empenho de dinheiro de governos estaduais na mídia amiga. O blindado Alckmin, para ficar no exemplo mais eloquente e mais rico, é um fenômeno publicitário.
Entre 2011 e 2015, sua gestão aumentou os gastos em publicidade oficial em 30,31%. O DCM vai dedicar uma série de reportagens a essa gastança desenfreada e sem critério.
Nosso repórter Pedro Zambarda analisou planilhas de prestações de serviços da subsecretaria de comunicações de 2011 até setembro de 2016.
Nesse período, o governo Alckmin “investiu” pelo menos 1 bilhão em anúncios, sobretudo em “serviços complementares de comunicação” envolvendo os grandes veículos.
Houve um aumento quando da crise de falta d’água a partir de meados de 2013. Ao invés de tomar as medidas necessárias, a Sabesp triplicou gastos com publicidade, com mais de R$ 40 milhões em presença na mídia.
Naquele ano, Alckmin desembolsou R$ 238 milhões, um recorde em seus mandatos. E veja que esses relatórios não incluem os anúncios das estatais.
Alckmin se vale de uma esperteza. Uma brecha no artigo 16 da lei de número 12.232/2010 é utilizada para que os relatórios não discriminem quanto cada grupo de mídia ganhou separadamente.
Os nomes aparecem isolados ocasionalmente. No período entre janeiro e março de 2016, por exemplo, o Estado de S.Paulo recebeu R$ 44 781,10 como único representante da mídia impressa. O Estadão ressurge num aporte de R$ 83 mil junto com o Diário do Rio Claro e outros jornais regionais entre os meses de março e setembro.
A Jovem Pan, porta voz da direita mais hidrófoba do Brasil, devidamente agraciada com os pixulecos de Temer, fatura bonito com Alckmin.
No primeiro trimestre de 2014, a Pan (identificada como Rádio Panamericana, como se vê no quadro abaixo) era a estrela de uma lista de emissoras que receberam R$ 2,4 milhões.
Em junho, Geraldo participou de um evento chamado “Quem Faz Um Brasil Melhor”, organizado pela JP em parceria com, veja só, o Lide de João Doria. Posou para fotos com o dono, Tutinha.
A auto cobertura do rapapé é de envergonhar Amaury Junior. “Os bons exemplos inspiram a juventude”, disse Alckmin aos amigos. Rendeu alguns trocados.
A rádio aparece como beneficiária de uma campanha de R$ 2 051 505,54 milhões entre março e setembro de 2016. Também levou R$ 1.211.125,88 em “sites de internet” no início do ano.
Nesse mesmo período, a TV Globo é listada como recebedora de R$ 5 888 693,12 milhões, juntamente com a TV Gazeta, SBT, Bandeirantes, Cultura e outras. Entre março e setembro, a editora Globo aparece como recebedora de R$ 384 076,69 com mais duas empresas.
Entre janeiro e março de 2014, quando Alckmin se preparava para tentar a reeleição, seu governo investiu R$ 7 358 628,33 em televisão.
O valor subiria para R$ 27 358 859,72. As Organizações Globo participam da partilha com mais 40 outras empresas. A televisão dos Marinhos, no entanto, entra com cinco empresas com CNPJs diferentes, enquanto a Bandeirantes possui três e a Record com apenas uma.
Generoso, Geraldo Alckmin não deixou de presentear seu protegé João Doria, prefeito eleito de São Paulo. Deu R$ 1,5 milhão a sete revistas fantasmas de sua editora entre 2014 e 2015.