Texto compartilhado do Jornal DR1, editado pelo Bem Blogado. Postagem pautada pela amiga do blog, a querida e grande musicista Cristina Braga.
Em 27 de julho, após um longo período de interdição e revitalização, graças a projeto da Prefeitura Municipal de Paty do Alferes\RJ, em parceria com a FUNARTE, a Aldeia de Arcozelo ou Centro Cultural Carlos Magno, grande espaço dedicado à arte e a cultura, teve sua volta triunfal.
O espaço foi considerado o maior centro Cultural da América Latina em área. Após a morte de seu criador Paschoal Carlos Magno, em 1980, teve sua decadência acelerada. No entanto, herdeiros do embaixador chegaram a um entendimento e entregaram a Aldeia ao Ministério da Educação e Cultura (MEC).
Uma festividade, que contou com a presença do prefeito de Paty do Alferes Juninho Bernardes e demais autoridades, devolveu à sociedade e ao município a Aldeia de Arcozelo. A reabertura do complexo coincidiu com o início do 47 Festival de Teatro Fetaerj – Prêmio Paschoalino que contou com a apresentação de 18 espetáculos de diversos grupos teatrais do município do Rio de Janeiro.
Está prevista a inauguração de uma escola moderna que irá atender jovens estudantes do primeiro ao quinto ano do ensino fundamental e do Museu Manoel Congo e Marianna Crioula, que permitirá aos visitantes conhecerem um pouco da fascinante e importante história desses dois grandes personagens do Município de Paty do Alferes e do Vale do Café.
História
A Aldeia de Arcozelo está localizada no município de Paty do Alferes, no Estado do Rio de Janeiro. Era sede da histórica Fazenda Freguesia de propriedade de Manoel Francisco Xavier e de sua esposa a Baronesa de Soledade, local onde, no ano de 1838, ocorreu a maior revolta de escravos , ocorrida no Vale do Paraíba do Sul.
O Tenente-coronel Gil Francisco Xavier herdou a Fazenda Freguesia. Endividado pelo jogo, cedeu ou vendeu a fazenda para o médico português Joaquim Teixeira de Castro, que mudou o seu nome para Fazenda Arcozelo (nome da quinta da família, em Portugal, Freguesia de São Miguel de Arcozelo). A partir de 1930, o excelente clima da região passou a ser nacionalmente conhecido pela propaganda feita pelo médico infectologista Dr. Miguel da Silva Pereira. A fazenda histórica foi, então, transformada em hotel.
A fazenda de João Pinheiro Filho, em 1958, com aprovação de seus filhos, foi doada ao Embaixador Paschoal Carlos Magno, filho de italianos, nascido em 13 de Maio de 1906 ,no Catete, bairro da cidade do Rio de Janeiro.
Um idealista que dedicou toda sua vida à mocidade estudantil do Brasil e ao teatro, foi fundador do Teatro do Estudante do Brasil, uma de suas maiores criações e de onde saíram artistas como Sergio Cardoso, Sergio Brito, Maria Pompeu, entre outros. Fundou, em 1965, aquele que seria o seu maior projeto: Aldeia de Arcozelo, registrada como Fundação João Pinheiro Filho, destinada a ser um centro de repouso para artistas e colégio de artes.
O complexo cultural inclui o anfiteatro Itália Fausta com 1.200 lugares , o teatro Renato Vianna com 400 lugares, uma sala de música Padre José Maurício (para 150 ouvintes); os espaços para as artes plásticas, Galeria Pancetti e Galeria Bernardelli; uma sala de vídeo, Alberto Cavalcanti (com 80 lugares); biblioteca, coreto, além do edifício colonial, com 54 quartos, salões e varanda. Exigindo dedicação e uma considerável soma de dinheiro. O que fez com que Paschoal colocasse sua vida e seus bens no projeto. O piano de cauda de sua casa, em Santa Teresa, foi vendido para a construção da piscina, assim como outros de seus bens que tiveram o mesmo destino; a venda para manutenção de um sonho.
Em 1971, com altos e baixos, sofrendo e vencendo crises políticas, financeiras e jurídicas, a Aldeia foi sede do VI Festival Nacional de Teatro de Estudantes com participação de 32 grupos, realizando espetáculos ao ar livre e no Renato Viana . Sediou, também, inúmeros festivais, seminários e congressos de teatro, circo, dança, ópera, cinema, educação, artes plásticas, música e arte indígena.
Em 1978, Paschoal Carlos Magno vendeu a casa de Santa Teresa para pagar dívidas acumuladas. No ano seguinte, endividado, ameaçou atear fogo na Aldeia . O Brasil inteiro enviou notas de 1 cruzeiro para salvar um importante e espetacular espaço cultural.
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