Alerta à juventude – O que é ser revolucionário?

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Por Sérgio Mesquita – 

Assistimos em Maricá, no dia 05/5, um belo evento patrocinado pelo Sindicato dos Profissionais de Educação – SEP-Maricá, com apoio da Secretaria de Cultura de Maricá, que foi o lançamento do livro “Calabouço”, de Geraldo Jorge Sardinha. O evento contou com a presença de várias entidades representativas da juventude e estudantis. Contou também com presença do grupo musical, composto por professores, “Docentes Bárbaros” que levantava a plateia entre as diversas falas que aconteceram e, em especial, na homenagem ao Belchior falecido recentemente.




Paulo Gomes e Geraldo Sardinha, estudantes em 1968, estavam no restaurante Calabouço quando a ditadura civil-militar assassinou o também estudante Edson Luiz. Sardinha foi um dos que carregou o corpo do Edson até a Assembleia Legislativa. Falaram da época e apresentaram o Núcleo dos “Irredentos”, formado por pessoas que, como eles, não se renderam durante o Golpe de 64 e não se rendem até os dias de hoje, quando acontece mais um Golpe contra a democracia e o povo brasileiro.

Situado o evento, vamos ao que me levou a escrever este texto.

“Por isso cuidado, meu bem / Há perigo na esquina / Eles venceram e o sinal / Está fechado pra nós / Que somos jovens.”

Preocupou-me alguns dos discursos apresentados pelos jovens presentes, que deixou claro a falta de unidade na luta contra o que está acontecendo no Brasil e no mundo: -o desmantelamento da sociedade democrática e das instituições civis e politicas.

Assisti a reprodução de uma velha política, esgotada e que só serve a manutenção do “status quo”, independente da sigla e cor de sua bandeira. Como disse Che, “ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética.” Portanto o que é ser revolucionário nos dias de hoje? Repetir velhas práticas? A manutenção do tal “centralismo democrático”? A luta por dentro das instâncias criadas por eles, para eles e pelas leis feitas por eles? Como bem colocou Paulo Gomes – estas maneiras de fazer politica já eram denunciadas como velhas por Gramsci, quando nos porões das prisões italianas, no período fascista de Mussolini.

Minha geração e anteriores, não tem mais resposta para mudar o que está colocado hoje. Não nos adianta repetir estratégias e táticas anteriores, mesmo que bem elaboradas e exitosas à sua época, em outras conjunturas, em outras realidades. Realidades estas totalmente diferentes da que encontramos hoje.

“É você / Que ama o passado / E que não vê / Que o novo sempre vem.”

Eduardo Galeano nos dizia que “como um povo pode almejar um futuro melhor se não conhece seu passado”. Devemos sim, conhecer nosso passado, nossa história. Para, a partir das boas práticas, do exitoso, sedimentar a base necessária para a mudança, para a busca do novo. Para revolucionar! Os jovens de 1968 não aceitaram o “lutar por dentro das instituições” como pregava o PCB, por exemplo. Pegaram em armas e foram à luta. De forma acertada ou não, atendendo ou não à conjuntura do momento, tentaram revolucionar.

Esse tipo de revolução nos atende nos dias de hoje? Vamos chegar à conclusão que devemos ser mais radicais? Ou temos que nos preparar melhor para não repetir os mesmos erros, e inovar e transformar a partir dos acertos de antes. Repito, não será o PT, PCB, PcdoB, PSOL, PMDB, PSB, PSDB e demais, que estão imbuídos na manutenção do atual status quo, imbuídos na manutenção desse sistema político esgotado e atrasado, que permite desvios de condutas e princípios, que vocês jovens devem se apoiar. Não! Está na hora de deixarem de serem tutelados e a começar a mudar a forma de fazer política dos “véios”. São vocês que devem nos pautar e apontar os novos caminhos e as novas formas de fazer pol&iacut e;tica. A estudantada de São Paulo mostrou a todos ser possível fazer diferente.

“Ainda somos / Os mesmos e vivemos / Como os nossos pais.”

Infelizmente assisti a reprodução da política “menor” que acontece no Brasil. Forças que deveriam estar unidas em um combate comum, por um objetivo final que atenda a grande maioria da população, disputando espaços e quinhões de poder. Quem tem cargos, mesmo que sem “garrafas”, entendendo-se por “garrafas” à população nas ruas.

Estamos perdendo e, não acredito que nos deixem em 2018 ou em 2020 como já insinuam, voltar a ocupar o Palácio em Brasília. Pois continuamos egoístas frente às necessidades do país. E se, por “felicidade” chegar, vamos chegar para quê? Vamos regulamentar a mídia? Fazer as reformas necessárias? Ou vamos manter o sistema?

Se for conosco, os “véios,” é bem possível que prevaleçam os acordos que a direita só cumpre quando de seus interesses. Mas se a juventude estiver revolucionando, inovando, estarão nos calcanhares dos “véios”, nos mordendo. Provocando-nos a ouvi-los e a perceber que mudanças são necessárias e possíveis.

“Mas também sei / Que qualquer canto / É menor do que a vida / De qualquer pessoa”

À luta.

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