Alerta: redes sociais divulgam milhares de informações falsas sobre autismo

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O mês de abril é dedicado para destacar a importância da informação no tratamento ao Transtorno de Espectro Autista (TEA).

Por Norian Segatto, compartilhado de SINDPSI




Mas, pesquisa realizada pelo Laboratório de Estudos sobre Desordem Informacional e Políticas Públicas, da Fundação Getúlio Vargas, e pela Associação Nacional para Inclusão das Pessoas Autistas, mostra um caminho inverso: crescem nas redes sociais postagens com informações incorretas e faltas a respeito do TEA e seus tratamentos.

No aplicativo de mensagens Telegram, as postagens desinformativas sobre autismo cresceram 15.000% em seis anos. Segundo o estudo, em janeiro de 2019 foram localizadas apenas 4 mensagens mensais sobre o tema, no ano seguinte foram 35 e chegou a 611 em janeiro de 2025.

A pesquisa analisou mais de 58 milhões de conteúdos de 1.659 grupos, em 19 países da América Latina e Caribe. Cerca de 47 mil mensagens apresentaram conteúdos incorretos, teorias conspiratórias, como a de que o autismo é provocado por vacina … por exposição a celulares com tecnologia 5G, além de comercializarem curas milagrosas; o Brasil está no topo dessa lista, com 22.007 postagens, que atingiram 13.944.477 visualizações.

O coordenador do estudo, o pesquisador Ergon Cugler, da FGV, afirma haver uma ameaça concreta à saúde física e emocional de famílias e portadores de TEA. “Produtos como o dióxido de cloro são vendidos como ‘cura’ sem qualquer respaldo científico e com potencial para causar danos irreversíveis”, afirmou em reportagem do Estadão.

Ao propagar falsas curas, esse viés patologizante pode causar muitos efeitos nocivos, induzir familiares a erros e promover ainda maior estigma sobre pessoas autistas.

Planos de saúde

Dados da Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde) apontam que houve aumento de 74,4% no custo dos planos de saúde com tratamento de TEA e TGD (transtornos globais de desenvolvimento) em 2023, uma estratégia dos planos privados para pressionar a ANS (Agência Nacional de Saúde) mudar o rol de procedimentos. A Lei 9.656/1998 estabelece que os planos devem custear integralmente o tratamento de autismo, e a Lei 12.764/2012 proíbe que empresas de saúde privada impeçam a adesão a planos de pessoas com autismo.

Combater a desinformação

As redes sociais são o paraíso para disseminar qualquer tipo de informação, as verdadeiras e as falsas. E são muitas, muitas milhares de informações inverídicas (as chamadas fake News) que circulam diariamente pelas redes. E as duas grandes questões são: como identificar o que é notícia falsa e como combater a disseminação por grupos que têm interesses políticos, comerciais ou são fanáticos adeptos de teorias da conspiração?

Uma das milhares de fakenews que circulam pelas redes sobre autismo

Não há respostas prontas e fáceis, mas algumas dicas são importantes

Nesse golpe, clonaram a voz de Marcos Mion para fazer propaganda de um produto milagroso
Mais uma fakenews

– Quando se deparar com uma notícia que oferece uma “solução definitiva”, traz um “alerta urgente”, promete “resolver problemas insolúveis”, ou alguma “oferta imperdível”, fique atenta e desconfie. Pesquise se essa informação foi reproduzida por fontes de informação com mais credibilidade (grandes portais de notícias, sites especializados, universidades etc.). Se não conseguir ter plena certeza de que a informação seja verídica, não passe para a frente. “Ah!, mas isso pode ajudar minha vizinha, que tem filho com autismo”… pode ajudar e pode prejudicar muito também, você se arrisca a divulgar algo que pode afetar ainda mais a saúde de uma pessoa?

– Grupos de whatsapp, instagram, facebook etc., não são as melhores fontes de informação, sempre desconfie dessas postagens e fique atenta/atento a imagens, que cada vez podem ser produzidas por inteligência artificial e manipuladas digitalmente.

– Ajude a pressionar o Congresso brasileiro para que o país tenha leis que regulem a atividade dessas grandes empresas (chamadas Big Techs), como a Meta e o Youtube, para que sejam responsabilizadas pelos conteúdos que deixam circular livremente pela internet.

Frente Parlamentar de combate à desinformação

Esta em estudo no Senado o PRS – Projeto de Resolução do Senado – número 93, de 2023, que cria a Frente Parlamentar de Segurança Digital. De autoria do senador Angelo Coronel (PSD-BA), a Frente teria como tarefa debater estratégias de regulação, educação digital e responsabilização de quem lucra com conteúdos prejudiciais nas redes.

Não há, ainda, no entanto, previsão de aprovação desse PRS.

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