Alfredinho, menino de 43

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Por Luis Pimentel, jornalista e escritor, Facebook

(Do livro inédito “Alfredinho, sobrenome Bip Bip”, a caminho)




Mil novecentos e quarenta e três foi um ano importante para as conquistas sociais no Brasil, assunto que Alfredinho tanto prezava. Convencido da necessidade de unir as normas de entendimentos entre patrões e empregados, protegendo na Justiça o trabalhador, o então presidente da República, Getúlio Vargas, referendou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Com ela, foram firmadas garantias antes inimagináveis para a classe operária, além da criação de diversos sindicatos de categorias profissionais.

A Segunda Guerra Mundial (que só viria a terminar dois anos depois) devastava a Europa e chegava a outros continentes. Nesse ano ela aportou em nossas águas, com a fúria alemã. Pelo menos uma dúzia de navios de carga, de passageiros, pesqueiros e até barcos foram torpedeados na costa do Brasil, obrigando o nosso governo a tomar uma posição.

Neste cenário nasceu, no dia 17 de setembro, no bairro de Santa Cruz (na Av. Isabel) Zona Oeste do Rio de Janeiro, Alfredo Jacinto Melo, filho caçula do ferroviário Eustórgio Melo e da dona de casa Maria José de Vasconcelos Melo. Nasceu em casa, com a parteira Dona Zulmira, “empelicado”, como ele adorava contar. O casal teve sete filhos (quatro mulheres e três homens); ao morrer, em 2019, Alfredo deixou três irmãos vivos.

O “empelicado”, ele repetia com certo orgulho, afirmando que alguns personagens importantes da história brasileira e universal nasceram assim, e que se tratava de um sinal de que aquela criança teria muita sorte na vida. Na verdade, significa apenas que o bebê veio ao mundo dentro do saco amniótico, que não se rompeu durante o trabalho de parto – o que às vezes acontece.

A vida da família foi, desde sempre, ligada ao bairro de Bangu. O nascimento do caçula em Santa Cruz se deu porque precisaram morar um tempo naquele bairro, por questões de trabalho do pai (com banca de jogo do bicho, atividade a que se ligou mais tarde, em associação com o famoso banqueiro “Seu Andrade”, que viria a ser pai do super contraventor Castor).

Logo retornaram ao Bangu velho de guerra (com passagem durante alguns anos, ainda por conta da atividade zoológica do chefe da família, pelo bairro de Kosmos – tudo por ali, na mesma Zona Oeste):
– Sou de Bangu, rapaz! Mais respeito! Conheço a vida – ele adorava repetir, cheio de orgulho e vaidade.

Nem o Bangu Atlético Clube (time pelo qual torcia o menino Alfredo) nem o Botafogo (paixão de juventude e para o resto da vida) levou o campeonato carioca naquele ano, vencido (pela nona vez) pelo Flamengo.

Em Bangu, Alfredo Jacinto Melo fez escola primária (pública) e começou a cursar o Supletivo, preparando-se para vestibular na Faculdade de Direito. Entrou, mas não ficou (claro), história que ele mesmo conta adiante.
(Na foto maior, avós, tios e mãe de Alfredinho, em Bangu, século passado.

Fotos, abertura –  Em pé: Maria Melânia (tia), Joaquim Augusto (tio) e Maria José (mãe). Sentados: Alfredo Augusto de Vasconcellos (Tio, cônego, deu nome à principal via do bairro, a Avenida Cônego de Vasconcellos), Antônio José Teixeira de Vasconcellos (avô), Maria da Conceição Barbosa de Vasconcelos (avó) e Luis Augusto (tio.

Foto no centro do texto:  O próprio no período em que graças ao vasto bigode e ao olhar matreiro, se fazia passar pelo ator Cláudio Marzo em conquistas amorosas.

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