Por Celso Sabadin, no Facebook
No século 16, um daqueles governadores gerais do Brasil que a gente estuda no então curso primário (e depois esquece o nome) doou para os Jesuítas uma ilha inteira que ficou conhecida como Ilha dos Frades. De catamarã, ela fica a mais ou menos uma hora e meia de Salvador.
Séculos depois, o tempo passou… pero no mucho: há cerca de dois ou três anos (depois eu pesquiso melhor), um destes governadores/prefeitos/coronéis baianos de cujo nome a gente não esquece porque todos eles são Magalhães, simplesmente entregou a Ilha (que desde 1982 é tombada como reserva ecológica) à iniciativa privada. Uma certa fundação/organização ou seja lá o nome de fachada que ela tenha, denominada Baía Viva, passou a “administrar” este verdadeiro paraíso habitado por cerca de apenas 40 ou 50 pessoas.
Eu estive lá e conversei com um habitante local – conhecido como Rodrigo Magrão, dono de um quiosque na praia – que me relatou as consequências da tal “administração”: os habitantes locais estão sendo violentamente pressionados a abandonar suas casas e suas atividades pesqueiras para deixar o terreno livre para empreiteiros que ali irão construir um resort de luxo.
“A Baía Viva está esvaziando e inviabilizando a nossa já pequena estrutura de educação e saúde aqui da Ilha dos Frades, mas posto policial para reprimir os moradores foi uma das primeiras coisas que eles instalaram”, me conta Magrão. Segundo ele, todos os cuidados ambientais também estão sendo abandonados, e ao que parece logo as escavadeiras e as betoneiras estarão naquelas praias paradisíacas para a construção do tal resort.
Para entrar na Ilha, o turista – que antes da administração Baía Viva pagava uma taxa de R$ 0,80 – agora paga R$ 10,00 reais por cabeça. E provavelmente pagará muito mais, após a construção do complexo hoteleiro de luxo. Magrão me conta que a mídia local – óbvio – não diz nada sobre o assunto, e os outros nativos também já parecem desistir. E que ele próprio deverá sair do lugar, com a família, muito em breve.
Fiquei perplexo com toda a história, e, sem saber exatamente o que fazer, só me veio à cabeça publicar este post. Será que a denúncia, via Facebook, chegará a alguém que realmente possa fazer alguma coisa? Ou novamente morreremos na bolha de algoritmos do Sr. Zuckerberg?
Alguém me ajuda? Alguém ajuda a Ilha dos Frades?