Carlos Eduardo Alves pelo Facebook –
O que ocorreu hoje em SP; com a homenagem a Haddad na Paulista, não foi pouca coisa. Convocada em rede social por duas pessoas, sem participação de partidos, sindicatos, movimentos sociais ou entidades, a festa de agradecimento mostra que algo mudou na maior cidade do país. É inédito um reconhecimento assim, ainda mais depois de uma derrota arrasadora em primeiro turno.
Desde a noite de domingo passado, muitos paulistanos vivem uma espécie de luto político. Mesmo assim, quase no antigo boca-a-boca, investiram o domingo de sol num tributo a um político que não ganhou nas urnas. Não pude ir à Paulista, mas os relatos de quem esteve lá e as imagens formam um atestado de emoção. O que isso significa? Que existe hoje uma consciência, mesmo que momentaneamente minoritária, do que se perdeu na eleição paulistana. Foi a derrota de um projeto que tentava humanizar uma cidade quase sempre cruel. Mas hoje na Paulista, muitos mostraram que a ideia de uma cidade mais generosa agora é perene.
Com todos os inegáveis erros praticados pelo PT, algumas ações civilizatórias vieram para ficar, apesar da reação do conservadorismo. Quem não se lembra da grita contra o bilhete único e os corredores de ônibus? Ficaram. E a Paulista aberta e as ciclovias? Ficarão também, mesmo que bombardeadas;
O atraso, personificado hoje na lamentável mas esclarecedora entrevista da mulher de João Dólar à Folha, saciará a fome de fascistas com um ataque a programas como Braços Abertos, proteção mínima a minorias e privatizações e entregas de bens públicos aos espoliadores de sempre. Mas encontrarão resistência. Quem sentiu o avanço tem hoje motivação para se defender da barbárie.
SP nem chegou a viver uma primavera e a Prefeitura de Haddad errou em alguns pontos. A votação na periferia está ai para mostrar. Mas o gestor inovador e honesto foi vitimado basicamente pelo tsunami antipetista. Foi ele quem venceu o melhor prefeito da cidade nos muitos últimos anos. O que estava e continuará em jogo em SP é a disputa entre um projeto civilizatório, quase que de redução de danos diante da chacina da desigualdade, e um que se aproveita da inflexão à direita do eleitorado para tentar impor uma agenda medieval a partir de 2017;
A lamentar, ainda, que a percepção do tabuleiro paulistano não tenha chegado a setores felizmente ultra minoritários da esquerda, os sem-voto de sempre, que bombardearam a gestão de Haddad com a mesma fúria da extrema direita com seus microfones e tintas.
De tudo isso o que fica é que nunca um prefeito derrotado recebeu na rua o reconhecimento de quem habita a cidade e percebeu que algo mudou. A História não é linear. O que permanece é que muita gente não vai desistir do sonho de uma vida mais digna para quem precisa de cidadania.
E que o PT entenda que o tempos são de quem pensa como Haddad e não com figuras lamentáveis como, por exemplo, o deputado Vicente Cândido. A cidade perde por enquanto. só por enquanto. A Paulista entregue ao povo pela coragem de Haddad mostrou isso hoje.
Foto de Jornalistas Livres