Alípio Freire, cultor da raiz libertária

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Por Washington Luiz de Araújo, jornalista, Bem Blogado

 

Torcíamos todos os dias pela recuperação do Alípio Freire, acompanhando as notícias enviadas pelo amigo, também jornalista, Aparecido Araújo Lima (Cidoli). Infelizmente, a Covid-19 o levou.




Depois desta guerra, que um dia haja um “panteão” em homenagem aos milhões de mortos por esta peste que, no Brasil, tem patrocínio oficial.

E que o nome de Alípio Freire esteja lá por ter sido mais um derrubado de forma covarde pelos genocidas, mas que mostremos que é imortal, pois sempre esteve e continuará vivo na resistência à ditadura, à tortura, às prisões cruéis, das quais ele foi também vítima.

 

Veja algumas das muitas declarações de companheiras e companheiros sobre a grande figura humana Alípio Freire. Veja ainda vídeo com o jornalista de 1985. 

 

Graça Lago

“Alípio Freire partiu, é mais uma vitima da pandemia da Covid-19, que encontrou acolhida e incentivo desse governo genocida. Um combatente de primeira grandeza, que nos deixa um legado imenso.

Jornalista, escritor e artista plástico, Alípio foi militante da Ala Vermelha, e preso aos 23 anos pela Operação Bandeirantes (Oban). Depois de três meses de torturas e interrogatórios, foi transferido para o Presídio Tiradentes, onde ficou entre 1969 e 1974.

Após a prisão, seguiu com o jornalismo e a militância, sendo um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT). Anistiado pelo Ministério da Justiça desde 2005, escreveu vários livros, entre eles, “Estação Paraíso” e “Estação Liberdade”. Em 2013, lançou seu primeiro documentário, chamado 1964 – Um golpe contra o Brasil.

Alípio Freire, eternamente presente.”

 

Fernando Morais:

“Como disse o Sacchetta, uma estrela vermelha brilha no céu desde hoje cedo. Morreu Alípio Viana Freire, jornalista, escritor, artista plástico e militante da luta armada contra a ditadura.”

 

Solange Espírito Santo:

“Meu amigo Alípio Freire, foi uma honra ter convivido com você, com seu afeto, com sua integridade e o seu exemplo de verdadeiro guerreiro. Gratidão por tudo o que fez para que o Brasil e o mundo fossem uma terra justa.”

 

Lud Yajgunovitch (Ludmila Frateschi)

 

“Muita tristeza pelo falecimento do Alípio tão querido, depois de uma luta (mais uma) infinita contra o Covid. Na foto, ao lado da minha mãe, a quem eu sinceramente desejo que ele encontre no cosmos, a fim de rirem como só eles. Todo meu amor e apoio à carinhosa família que ele deixa.”

 

 

 

Ivan Seixas

“Alípio Freire caiu vítima do genocida. Nesses tempos de covid e de reinado do genocida e sua quadrilha, me sinto como nos tempos de nossa luta contra a ditadura, que a cada dia ficávamos sabendo da morte de uma companheira ou de um companheiro.

Naquela época, nos dava força para continuar a vontade de derrotar o inimigo e encostá-los todos no paredão e justiçá-los em nome dos caídos. Já não usamos armas, já não temos a esperança de encostar essa gente fascista no paredão, mas meu ódio pelo fascismo é talvez até maior.

Alípio Freire, presente! Agora e sempre!”

 

Camilo Vannuchi

Há que

haver sobrado

alguma poesia.

Há que

haver

pelo menos

a certeza poética

emblemática

de que

a luta continua.

E há que

haver a aceitação

dessa certeza

porque não posso

sozinho

dinamitar a ilha de Manhattan

e construir uma nova

Aurora.

Alípio Freire

(1945-2021)

 

Celso (Tilango) Fontana

Luto Vermelho
Em memória de Alípio Viana Freire

Se a Morte pode ser alívio
Hoje a saudade tem nome
E o seu nome é Alípio

A origem do nome é grega
Aquele que não sente tristeza
A conduta de Alípio agrega
Pelo exemplo de firmeza

Sua história, aos poderosos, irrita
Muito além de admirado
Tinha o Amor de sua Rita

Nas conversas do bar Pirandello
Nas campanhas e no jornalismo
Havia nele um fratello
Da ala vermelha e lirismo

Cunhado de Aytan Sipahi
Dois guerreiros mordazes
Dos melhores que conheci.

Nas barbas de Sabedoria
Apoiando-se numa bengala
Transformava as noites, os dias
Em encontros de gala

Ensinava, sorria e escrevia
Discursos mais que flamejantes
Com ponderações, todavia
De humores hilariantes

Ele era da ala vermelha
Em toda a organização
Reacendia as centelhas:
Solidário de Coração.

 

Veja vídeo com Alípio Freire no documentário “Nada Será Como Antes, Nada”, de Renato Tapajós, em 1985.

“O discurso da utopia, que é a felicidade…. Temos que nos comprometer a construir desde já a ponte para chegar à felicidade (…) É preciso tratar de todo o sonho que temos dentro da gente. (..) É preciso tratar do que vai dentro de nós, de toda ansiedade, todos os desejos que temos dentro da gente, de toda a perspectiva que a classe trabalhadora tem dentro de si”.

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