Publicado em Jornal GGN –
Othon Pinheiro, considerado o pai da energia nuclear no Brasil, está com 78 anos e foi condenado a 43 anos de prisão pela Lava Jato no Rio de Janeiro. A lista de serviços prestados ao País foi simplesmente escanteada na ação penal que levou o almirante a uma tentativa de suicídio, no momento em que o Ministério Público Federal decidiu arrastar até sua filha para o processo.
Em entrevista exclusiva ao deputado federal Wadih Damous (PT), Othon Pinheiro disse que não tem dúvidas de que sua condenação serviu aos interesses dos Estados Unidos, que se sentiu “afrontado” com a política energética encampada pelo governo brasileiro nas últimas décadas.
Ele também comentou sobre os “absurdos” que sofreu durante a prisão imposta pela Lava Jato e deixou claro que, apesar de todas as arbitrariedades, ele segue com o desejo de continuar trabalhando para levar energia elétrica barata para os cantos mais isolados.
Em vídeo, ele relatou que procuradores abusaram quando quebraram o sigilo médico de sua esposa, que sofre de alzheimer. Pinheiro se emocionou ainda quando foi lembrado da tentativa de suicídio que encampou na prisão militar, onde ficou por 2 anos. Segundo ele, foi um ato para mostrar toda a indignação com a tirania praticada contra sua filha. Ele disse que sofreu “pressão” por causa dela.
Pinheiro também classificou como episódio ditatorial algumas decisões do Judiciário, como a que negou seu pedido de liberdade provisória com base em uma “mentira”.
A entrevista completa está abaixo.
O GGN selecionou os principais trechos.
“Foi negado habeas corpus com o argumento de que eu tinha um telefone na minha cela, o que é uma grande mentira. Foi negado baseado numa mentira! Outra mentira é que preso em casa, eu teria contato com a empresa [acusada de repassar propina]. É mentira! Nunca mostraram nada. As pessoas escrevem aquilo e vira verdade. É muito difícil viver num sistema em que o camarada diz uma coisa e vira verdade.”
SUICÍDIO
“Eu fiquei indignado com o negócio da minha filha [que também virou alvo da Lava Jato]. Eu pensei em tirar cordões de 3 calções, estava achando que estava escondido, que estava fazendo uma cordinha, que ficaria escondido. Mas teve um oficial que estava me observando pela televisão, chegou lá [na cela] e revistou. Mas com mais 10 minutos, eu não chegava atrasado. Não foi, assim, por vergonha, foi revolta! Eu queria chamar atenção! Eu imagino que ele [o reitor da UFSC que cometeu suicídio] deva ter querido chamar atenção, muito revoltado com o que ocorreu com ele. Fizeram uma indignidade com ele.”