Por Altamiro Borges, em seu blog, via Vermelho –
Os resultados das últimas pesquisas dispararam o sinal de alerta da direita nativa. O maior temor, neste momento, é que a eleição seja definida já no primeiro turno, em 5 de outubro, com a vitória de Dilma Rousseff.
Diante deste perigo, que desmoralizaria a oposição midiático-política, já está em curso uma operação para garantir o segundo turno. Pouco importa quem será o candidato.
O próprio PSDB já não acredita na reação do cambaleante Aécio Neves. Marina Silva tornou-se a salvação da direita tupiniquim.
Tanto que a mídia oposicionista já faz esforços para estancar a sangria da ex-verde. As críticas que foram desferidas contra ela, ainda na esperança de salvar o tucano, já sumiram dos jornalões e dos noticiários da tevê.
No debate da Record, no domingo (28), ficou patente que Marina Silva sonegou a verdade – para não dizer mentiu, que é muito forte e pode até causar choros teatrais – sobre seu voto na CPMF.
Nas quatro ocasiões em que esta proposta de contribuição para custear a saúde foi ao Senado, ela votou contra, inclusive se rebelando contra a orientação do seu ex-partido, o PT.
A omissão da verdade, porém, não rendeu manchetes nos jornais e nem comentários ácidos nos telejornais. Pelo contrário. O esforço da mídia oposicionista, justamente apelidada de Partido da Imprensa Golpista (PIG), é para evitar expor as contradições e dissimulações desta velha representante da “nova política”.
A Folha desta terça-feira, por exemplo, apresenta a candidata-carona do PSB como vítima de ataques levianos e abre espaço para suas desculpas esfarrapadas: “Marina tenta explicar posição sobre CPMF”. Explicar o que? Já O Globo e o Estadão evitam dar destaque para o episódio em que a ex-verde foi pega na mentira.
Nos telejornais, o assunto também já foi arquivado. Outros temas cabeludos também desapareceram do noticiário – como as fontes do jatinho fantasma em que ela viajou mais de dez vezes, ou as fontes dos rendimentos das suas palestras. Nesta terça-feira, o jornal O Globo até publicou uma reportagem reveladora sobre as ligações perigosas de Marina Silva. Mas sem dar o devido realce à revelação.
Os R$ 7 milhões do Itaú e da Natura
Segundo o jornalista Thiago Herdy, dos R$ 7 milhões arrecadados desde 2010 pelo Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), uma das ONGs de Marina Silva, 97,1% vieram de dois empresários que têm participação ativa em sua campanha: Neca Setubal, a herdeira do Itaú que coordena seu programa de governo, e Guilherme Leal, um dos sócios da indústria de cosméticos Natura.
Cada um contribuiu com cerca de R$ 3,4 milhões. O jornal só evitou destacar que as duas poderosas empresas foram autuadas pela Receita Federal durante o governo Dilma. Elas foram acusadas de sonegação de impostos. O Itaú teria surrupiado R$ 18,7 bilhões no processo de incorporação do Unibanco; já a Natura deve R$ 628 milhões.
Para a mídia tupiniquim, que adora promover a escandalização da política, estes e outros fatos seriam suficientes para aprontar o maior escarcéu – com manchetes garrafais, capas tenebrosas da revista Veja e comentários hidrófobos dos “calunistas” dos telejornais. Mas a velha imprensa é bastante seletiva no seu denuncismo. Só faz quando lhe interesse politicamente.
No caso de Marina Silva, qualquer novo ataque pode acelerar o seu derretimento eleitoral, já apontado nas pesquisas, e abortar o segundo turno. Este seria o pior dos mundos para os barões da mídia! Para a velha imprensa, a única coisa que importa nesta semana decisiva é bater duro e sujo em Dilma Rousseff.
Como afirmou Lula num comício em São Paulo, “essa semana será a semana das mentiras. Vocês vão ver quantas mentiras vão ser contadas na imprensa. Vocês não têm que acreditar porque todas as vezes que aparece um candidato que tenta fazer as coisas para o povo mais humilde, ele é achincalhado pela elite brasileira que não quer que a gente faça”.
O alerta do ex-presidente é corretíssimo!