Por Celso Frateschi –
Roberto Alvin e Juliana Galdino atingem o ápice de suas carreiras teatrais construindo, ironicamente, um efeito brechtiano dificílimo de se conseguir. Ironicamente, pois os dois professavam ojeriza e ódio a Brecht.
Nunca fui muito fã dos dois quando atuavam nos palcos. Quando começaram atuar na política geraram um profundo desprezo com o cinismo que tratavam a coisa pública e os artistas brasileiros. Agora confesso que com o seu derradeiro solilóquio ao adaptar e interpretar o nazista Joseph Goebles e depois com suas justificativas, os dois conseguiram revelar, involuntariamente é verdade, o caráter verdadeiramente nazista do governo a que serviam.
Alvim foi demitido pelo exagero das revelações fora de hora que explicitaram o caráter nazista desse governo em todas as suas áreas de atuação ao gerar a miséria e a concentração de renda, a destruição de nossas instituições democráticas, o acovardamento da justiça, o desemprego, a censura e todos os desmandos e misérias conhecidos pela humanidade na primeira metade do século passado.
Na economia, na educação, na comunicação, na saúde, na cidadania, no meio ambiente, todas as áreas, são todos nazistas e Alvin ingenuamente revelou aquilo que deveria permanecer obscuro.
O casal foi cinicamente “distanciado”. Que caiam todos! Mais cedo ou mais tarde cairão, pois como diz o poeta que tanto odeiam, “a verdade é filha do tempo”. De qualquer forma é irônico assistir àqueles que julgavam manipular personagens se transformarem em personagens tão pateticamente manipulados.