Triste é quando somos obrigados a dizer o óbvio e a repetir o que já dissemos. Vamos lá. O ano era 1969. Meu tio, um jovem de 22 anos, de classe média alta, saía de um cinema na Tijuca. Era epilético, porque foi atropelado na infância.
Era um alienado. Mas, para a polícia do Exército, tinha cara de comunista. Trazia remédios no bolso, pra epilepsia. Para a polícia, era um drogado. Foi jogado dentro de um carro. Ficou sendo torturado, por 5 dias. Sem direito à defesa. Naquele ano, o Brasil vivia uma ditadura. São as ditaduras que tiram dos cidadãos o direito à presunção de inocência. Precisará um filho da classe média alta ser preso “por engano”, num cartão postal do Rio, para essa nossa elite burra entender que quando qualquer um pode ser preso seus filhos também poderão ser?