Análise de redes: Secom é usada para ataques ideológicos a Petra Costa

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Por Pedro Barciela, compartilhado de Jornal GGN – 

Sob governo Bolsonaro órgão público se posiciona como ator central em agrupamento da extrema direita brasileira

Uma secretaria da Presidência da República que se alinha a um defensor do terraplanismo em um linchamento virtual contra uma cineasta indicada ao Oscar? Seja bem-vindo a mais um dos capítulos do surrealismo do governo Jair Bolsonaro.

O uso da máquina pública para atacar adversários políticos, censurar a imprensa e promover perseguições virtuais contra aqueles que ousam se posicionar contra as medidas do atual governo não é algo novo. Pelo contrário, esse tipo de ação vem sendo a regra do governo Bolsonaro. No entanto, as iminentes chances de que um documentário brasileiro, que expõe o processo de golpe, que se inicia em 2015 e culmina no atual governo, em 2019, seja premiado em uma das principais cerimônias do cinema internacional ativaram a máquina de linchamentos virtuais bolsonarista. Desta vez, o alvo era Petra Costa.




Cineasta responsável pelo documentário “Democracia em Vertigem”, Petra Costa foi elevada ao posto de inimiga número 1 dos agrupamentos bolsonaristas nas últimas horas. Alinhados em um argumento central, como todas as ações promovidas por esse cluster das redes sociais online, a diretora é atacada por, segundo eles, “prejudicar a imagem do Brasil no exterior”. Até aqui, nada de novo: usuários como Olavo de Carvalho e Eduardo Bolsonaro “puxam os ataques” e são seguidos por perfis como Carla Zambelli, Leandro Ruschel, MBL, entre outros. O fato novo e escandaloso reside no principal usuário nesse agrupamento, notadamente de extrema direita: a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República [@secomvc].

Pela primeira vez, uma rede governamental de nível federal assume papel central nos linchamentos virtuais promovidos por grupos bolsonaristas

Em suma, o processo de linchamentos virtuais promovidos pelas redes bolsonaristas é conhecido, – e já foi denunciado em CPIs e na imprensa. O processo descrito aqui, no entanto, conta com um novo caráter, ainda mais condenável e não menos criminoso: a utilização de forma nítida e ativa das redes governamentais para atacar uma cidadã brasileira por pura discordância política. E é relevante lembrarmos: tais redes são pagas com recursos públicos, meu, seu, do vizinho bolsonarista e da própria Petra, todos pagadores de impostos.

É importante ressaltarmos que o processo de polarização política nas redes sociais online não é novo, recente ou nem mesmo uma “jabuticaba brasileira”. No entanto, a utilização da máquina estatal para atingir uma cidadã brasileira, as vésperas de uma premiação tão importante no contexto mundial, o é. Mais uma vez, somos impactados por ações de um ineditismo assustador, antidemocrático e ditatorial vindas do governo Bolsonaro. Agora, Bolsonaro e seu comparsa, alvo de investigações da Polícia Federal, Fabio Wajngarten, justo ele, acusam Petra Costa de – acredite – manchar a reputação do país no exterior. Talvez, no fim das contas, o que Bolsonaro e Wajngarten busquem seja, em sua “realidade terraplanística”, o monopólio da degradação da imagem do Brasil.

Pedro Barciela é analista de redes sociais on-line com foco em política

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