Por Valentim Frateschi* –
Nessas férias, lí um livro chamado “A coisa terrível que aconteceu com Barnaby Brocket”, de John Boyne. É uma historinha infanto-juvenil, boba. Será? Barnaby é um menino que vive em uma família “normal”, mas ele não é nada normal. Para se ter uma ideia, quando tinha dez anos a mãe tenta matá-lo.
Imagine quantos “Barnabys” não existem. Negros, pobres, mulheres, LGBTTTs ou qualquer tipo de “anormal”. Mas espera um pouco, todas essas categorias que eu citei não são anormais para mim. Mas para muitos são! Por que? Porquê um certo dia a igreja virou e falou que tudo começou com um homem e depois uma mulher, brancos, que se juntaram.
Na Idade Média, a igreja impunha seus costumes, padrões e fronteiras. O problema é que até hoje temos uma bancada evangélica no Congresso Nacional com grande influência sobre essa coisa louca que chamamos de sociedade. O problema é que até hoje negros, pobres, mulheres e LGBTTTs são discriminados. Até hoje o aborto não é legalizado com o argumento de que esta ação é contra a vida. Até hoje vivemos em uma sociedade fascista, reacionária e conservadora. Até hoje, o que a igreja disse é o que é certo, o normal. E quem não for branco, rico, homem, hétero, merece apanhar, morrer.
Agora, voltando ao Barnaby, sua mãe tenta matá-lo após todo mundo descobrir sua anormalidade, o que a fazia passar vergonha. Assim como o (a) LGBTTT faz a família passar vergonha. Assim como a mulher que não obedece o homem faz o macho passar vergonha. Assim como as domésticas fazem os patrões passarem vergonha. Assim como Barnaby que flutua e não consegue parar no chão e faz os pais passarem vergonha.
Não gostar de alguém por suas escolhas, ok. Não gostar de alguém por sua genética, por sua condição sexual e social é estúpido. É ignorante.
Só um desabafo.
*Valentim Frateschi tem 12 anos e já sabe que a discriminação é o que é anormal.
