Por Valentim Frateschi* –
Ás 7:30 estou na aula. Ok, tudo normal: professor, sono, caderno aberto. Natural. Mas tem uma coisa que me irrita muito: colegas que fazem “zueirinhas” até acabar com a auto-estima de uma pessoa que não segue algun(s) determinados padrões da sociedade. Reflita sobre esta frase. Agora, deixa eu traduzir: bullying com determinada pessoa que acaba tendo um efeito bem maior do que uma “zueira”. Me diz: por que? Qual a necessidade disso?
Se você quer “zuar”, não machuque pessoas internamente e abandone os seus seis anos de idade. Mas tem algo importante que mamãe diz que pode ir além de uma grande crise de infantilidade: “quem fica se mostrando muito é porque tem algo errado. Essa pessoa não está muito bem consigo mesma.”
Agora ficou mais interessante. Essa justificativa eu até entendo. Quando estava no quinto ou sexto ano sofria um certo bullying. Na verdade dois certos bullyings. Um deles: meus colegas me chamavam de gordo e feio. Já o outro, era eu que praticava contra mim mesmo, pois comecei a me convencer de que era gordo, de que era feio, de que nunca ia conseguir ficar com ninguém, que ninguém ia querer ficar comigo e assim vai.
Comecei a transformar uma mentira numa verdade. Ou seja, comecei a acreditar que era gordo e, mais, que ser gordo era um problema. Um problema que ia me gerar muitos outros. Isso tudo porque um bando de pessoas estúpidas, que é enganado facilmente pela mídia e pela sociedade, colocou isso na minha cabeça.
A partir daí, as coisas começaram a mudar. Eu tinha dois caminhos: o do opressor ou aguentar e ser oprimido. Como o primeiro é o mais fácil, comecei a ir por ele. Estava me tornando mais um estúpido.
Até que surgiram novos amigos de fora da escola que estavam passando ou já tinham passado por isso e eles me ensinaram o seguinte: se eles falam mal da sua barriga, da sua sexualidade, do seu jeito um pouco mais afeminado, das suas roupas, o problema é deles. Não deixe isso te afetar, “taque” o f***-** e diga pra eles: “Lide com isso, a minha pessoa não me incomoda. Te incomoda? Então lide com o problema que é seu, não passe para mim.”
Seja quem você quer ser e se você ficar sozinho mude de escola, de ambiente, procure pessoas novas talvez os mais velhos ou fale com sua professora gente boa. Ela pode até te ajudar (não é, Lívia? Melhor professora e melhor amiga). Seja quem você quer ser. Poderão até continuar a se incomodar como você, mas você não se afetará por eles.
*Valentim Frateschi tem 12 anos e já sabe cuidar sozinho quanto se trata de tentarem cuidar da vida dele.