Ao Mestre Dalai Lama com carinho

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Alguma coisa está fora da ordem…

Por Adriana do Amaral, compartilhado de seu Blog




Confesso que afastei-me da mídia social nesta #Páscoa. Fiquei “off”. Assim, a notícia que associa o líder tibetano #DalaiLama à pedofilia me pegou de surpresa. 

Fui lendo os posts aos poucos, inclusive comentários da Márcia Tiburi – uma intelectual que respeito… Achei que alguma coisa ali “não colava”. Depois, vi amigos reproduzindo o conteúdo, apontando o dedo, no caso os argumentos, contra o religioso. 

Pesquisei no #Google, como qualquer leitor em busca de informação. O posicionamento da mídia hegemônica foi de crucificação. Aí fui ver os vídeos e fiquei ainda mais confusa. 

Até que uma amiga – que sorte a minha de ter amigos intelectuais – chamou a minha atenção para a edição das imagens do vídeo e da falta de contexto da denúncia. Fui ler a notícia dada pela #BBCBrasil e li argumentos que explicam um pouco sobre a cultura, que, confesso, pouco conheço.

E… Como a #fakenews cresce na polêmica, tristemente li o post de um amigo:

“Sou budista e rejeito a pedofilia”, parecia bater no peito. 

Outra amiga, também budista, estudiosa de religião, acalmou-me o coração. “É o mecanismo do linchamento!”, argumentou.

De acordo com a BBC:

O líder religioso encosta a testa na testa do menino, coloca a língua para fora e diz “e chupe a minha língua”. Algumas pessoas riem, o garoto põe a língua para fora e se afasta, assim como o religioso. Colocar a língua para fora pode ser um tipo de cumprimento no Tibete.

O religioso abraça o menino novamente e conversa com ele, dizendo para que se inspire em “bons seres humanos que criam paz e felicidade”.

Lendo o artigo apenas constatei o que já imaginava. A sequência toda parece ser uma brincadeira de avô e neto, mas a mídia comercial, e seu duvidoso gosto para títulos polêmicos, além dos internautas, apenas replicaram a ignorância. 

Associar o Dalai Lama à prática da pedofilia é ir além da conta. É como se o Papa Francisco não pudesse mais colocar crianças no colo ou demonstrar carinho em público.

Aliás, este é o ponto: os críticos em nenhum momento levaram em consideração: a ação do Dalai Lama foi pública e praticada na frente dos pais das crianças e demais religiosos!  Neste mundo onde Deus não tem lugar, a prática da intolerância grita e berra.

Mais uma vez, confesso que pouco conheço a cultura budista, mas admiro-a demais. Vejo muito nessa notícia a intolerância religiosa. 

Lamento, também, que o mundo esteja tão cruel para com os idosos. Por mais conscientes que sejam, não conseguem enfrentar o caos superficial das polêmicas onde bom mesmo é ter likes.

Até o pedido de desculpas do religioso foi deturpado, como fora uma confissão. Em nenhum momento ele justifica a tal brincadeira, contextualiza a cultura, apenas lamenta se o seu gesto de alguma forma causou constrangimento à criança e seu familiares. É de uma nobreza sem tamanho!

A sociedade tem, sim, motivos para se indignar tanta a intolerância praticada. A distância social atiça fogo na pobreza e vaidades, mas não podemos perder a nossa capacidade de discernimento. A fé dos homens se perde no primeiro sinal de conflito.

Imagino Jesus sendo crucificado novamente…

Sinto muito. Me perdoe, Eu te amo.

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