Não foi ato falho, daqueles que se comete no meio de um debate, entrevista ou discussão. Afinal, está no papel apresentado em juízo. Ao impetrar uma ação de indenização contra o jornalista Luis Nassif, do JornalGGN, o delegado Igor Romário de Paulo, Delegado Regional de Combate ao Crime Organizado (DCOR) da Superintendência da Polícia Federal do Paraná (SR/DPF/PR) acaba admitindo aquilo que todos falam mas que os membros da Força Tarefa da Operação Lava Jato negam: o viés político da mesma.
Segundo ele, as críticas que sofreu de Nassif no artigo que o JornalGGN publicou em 2 de fevereiro – Com excesso de poder, a Lava Jato pode ter virado o fio – tem como justificativa o fato de a Lava Jato ter sido algoz ao governo e ao Partido dos Trabalhadores. O texto contido na inicial da ação impetrada no 6º Juizado Especial Cível do Paraná diz;
“A atitude do Réu é indecorosa e imoral por querer imputar condutas criminosas ao Autor apenas pelo fato desse ser um Delegado da Operação Lava Jato, Operação que se mostrou algoz ao governo e ao Partido dos Trabalhadores, exatamente o partido que o Réu defende“.
A matéria da qual o delegado Igor decidiu reclamar é justamente uma análise política de Nassif sobre a chamada Operação Triple X. Nela, ele defende:
“Se havia alguma dúvida sobre o caráter politico da Lava Jato, a Operação Triple X desfaz qualquer dúvida, especialmente após as explicações dadas pelo Instituto Lula. É possível que, com os últimos exageros, a Lava Jato esteja virando o fio.
Lá, se mostra que as tais informações novas, que justificaram a autorização do juiz Sérgio Moro para deflagrar a operação, constam pelo menos desde agosto do ano passado na ação do Ministério Público Estadual (MPE) paulista sobre a Bancoop. Não havia novidade. Foram reavivadas pelos procuradores e pelo juiz Sérgio Moro apenas para criar um fato político na véspera da abertura dos trabalhos legislativos”.
Como o pedido de censura feito pelo delegado não foi atendido, ainda é possível ler o artigo de Nassif.
Se já não existiam dúvidas antes, agora é que a tese do viés político das operações se confirmou na voz de um dos seus coordenadores. Afinal, ele reconhece, a Lava Jato, “se mostrou algoz ao governo e ao Partido dos Trabalhadores”. Tudo o que se diz que este é o objetivo maior dela.