Por Lúcia Capanema –
Teria o voo 6237 da Avianca, que partiu de Brasília rumo ao Rio de Janeiro, sido alvo de vigilância da Polícia Federal sem que nenhum dos passageiros tenham sido informado disso?
Sábado, 03 de junho, às 19:05, maioria dos passageiros do voo 6237, Avianca, provindo do 6º Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores. Embarque encerrado, adentra a aeronave um senhor de seus 40 anos, terno preto, camisa branca, gravata preta, que se dirige rapidamente até a poltrona 21A, na última fileira, para interpelar o passageiro: “Quem é o líder? Quem é que está organizando aqui? Ao que o passageiro responde: “Aqui não tem líder, não. Ninguém é chefe de nada”. Mais uma vez: “Quem é que manda aqui? Entrega logo que vai ser melhor para você!”, ameaçou o engravatado. Novamente, veio a resposta: “Aqui não tem líder, não. Todo mundo aqui é dirigente”.
A sombria figura segue, então, a passos largos para a cabine do comandante, para onde obtém pronto acesso, e por lá fica cerca de cinco a oito minutos, a portas fechadas. Quando finalmente sai dali e da aeronave, são iniciados os trabalhos de decolagem. Tão logo pousamos no Rio, o comissário de bordo da foto acima começa a gravar, com celular, os passageiros .
Já na saída, quando passo pelos comissários que se postam à porta frontal do avião, pergunto: “Podemos saber porque o comissário lá do fundo está nos filmando?” A pronta resposta da aeromoça: “A pedido do comandante, senhora”. Fui mais além: “A mando do policial federal que aqui estava antes do voo?”. E ela: “Sim, senhora”.
Configurou-se, assim, uma cena absurda, constrangedora, típica de um estado de exceção. Vamos exigir da companhia aérea Avianca um esclarecimento a respeito desta presença enigmática em sua aeronave. Sob qual pretexto entra no avião um agente policial à paisana (se confirmada a declaração da comissária de bordo) e, sem se identificar, submete um passageiro a interrogatório sumário? Sob que ordens a companhia constrangeu seus passageiros, filmando-os sem permissão? Para fornecer informações a um órgão de vigilância?