Ex-ministro da Fazenda quer contar agora que a sua colaboração não teria sido “espontânea”
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247 – O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci quer rever o acordo de delação premiada que ele fez com a Polícia Federal em 2018, no qual ele incrimina o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sem provas no âmbito da operação Lava Jato. PUBLICIDADE
De acordo com a revista Veja, existem tratativas em curso para que ele seja ouvido na Polícia Federal na próxima semana acerca de fatos que compuseram sua colaboração premiada original. “De acordo com apuração de Veja, Palocci quer contar agora que a sua colaboração não teria sido ‘espontânea’”, afirma a revista.
Delação problemática
O acordo de delação premiada de Antonio Palocci é repleto de inconsistências. Mensagens trocadas por integrantes da força-tarefa da “lava jato” no Paraná indicam que Sergio Moro, ex-juiz da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, tinha interesse na celebração de certos acordos de colaboração, como o do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro e o de Palocci. O intuito era ter fundamentos para condenar o então ex-presidente Lula. Vale lembrar que juiz não pode participar das negociações de termo de delação.
Na delação, Palocci acusou Lula de corrupção. Às vésperas do primeiro turno das eleições de 2018, Sergio Moro levantou o sigilo de um dos anexos da delação. As informações foram usadas na campanha eleitoral para atacar o candidato do PT a presidente, Fernando Haddad, especialmente por seu oponente no segundo turno, Jair Bolsonaro — que venceu a disputa. Até procuradores da “lava jato” consideraram que a divulgação do documento por Moro foi uma tentativa de influenciar as eleições.
O Conselho Nacional de Justiça pediu a Moro explicações sobre a publicidade da delação de Palocci. Em resposta ao CNJ, Moro afirmou que não ‘inventou’ a fala do ministro ou os fatos ali descritos. Ele afirmou ainda que não podia interromper os seus trabalhos apenas porque havia uma eleição em curso.
Quatro dias após o segundo turno das eleições, Moro aceitou convite do recém-eleito presidente Bolsonaro para assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Em 2020, um inquérito concluiu que os únicos elementos de corroboração de um anexo da delação produzida por Palocci são notícias de jornais que, na coleta de provas, não se confirmam.