Após ataque racista a Benedita da Silva, líder do PT vai à PGR contra Carla Zambelli

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“Não irei me calar nem me intimidar”, manifestou, nas redes sociais, a parlamentar alvo das ofensas

Por Cristiane Sampaio, compartilhado de Brasil de Fato




Deputada Carla Zambelli (PL-SP) referiu-se à colega parlamentar Benedita da Silva como “Chica da Silva” em uma postagem nas redes sociais – Evaristo Sá / AFP

O líder da bancada do PT na Câmara dos Deputados, Odair Cunha (MG), encaminhou, na noite desta quarta-feira (3), uma representação ao corregedor da Casa, Domingos Neto (PSD-CE), contra a bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP) pelo ataque racista dirigido à deputada Benedita da Silva (PT-RJ) na terça-feira (2). Cunha também encaminhou uma representação criminal à Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo providências em relação ao caso. Por ser parlamentar federal, Zambelli tem foro especial e só pode ser processada criminalmente pelo Ministério Público Federal (MPF). 

Durante uma transmissão pelas redes sociais, a apoiadora de Jair Bolsonaro (PL) se referiu à petista como “Chica da Silva”, em referência à personagem histórica que foi escravizada no Brasil no período colonial e, após conquistar alforria, ganhou destaque político na sociedade da época. Na ocasião, Zambelli se queixava de supostamente não ter espaço para falar durante a reunião de mulheres parlamentares do P20, o braço legislativo do G20, que ocorre em Maceió (AL) desde a última segunda-feira (1º). O evento é presidido por Benedita, que é a atual secretária da Mulher da Câmara dos Deputados.

Depois da repercussão do caso, Zambelli apagou a postagem e disse, em nota à imprensa, que supostamente teria se confundido por conta da semelhança entre os nomes. “Imediatamente quando percebeu o ocorrido, Zambelli apagou a publicação de suas redes e se desculpou com a deputada Benedita. A conversa foi amigável e houve compreensão da situação. Zambelli lamenta o referido lapso, mas torna público que não houve qualquer intenção de ofensa à sua colega de Parlamento”, diz o texto. O caso teve ampla repercussão, com uma série de críticas à deputada bolsonarista, que tem histórica postura de ataques a grupos historicamente vulnerabilizados.

Brasil de Fato tentou ouvir diretamente Benedita da Silva, mas sem sucesso. A deputada disse que seria representada formalmente pelo líder do PT nas manifestações junto à PGR e à corregedoria da Câmara e se pronunciou pelas redes sociais. “Me dói ter que responder aos ataques de uma mulher. As medidas necessárias já estão sendo tomadas. Obrigada a todo mundo que prestou solidariedade e mandou lindas mensagens. Estou nesta vida política há mais tempo do que essa deputada tem de vida. E cheguei até aqui com respeito, trabalho e muita luta. Não irei me calar. Nem me intimidar”, disse, via Instagram. 

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