Por Victor Ohana, compartilhado de Carta Capital –
Ministro da Saúde disse que declaração do presidente da República foi ‘grande colaboração’
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que as quarentenas decretadas pelos governadores foram precipitadas e pediu organização. O apelo foi feito nesta quarta-feira 25, durante coletiva de imprensa em que o Ministério da Saúde confirmou 57 mortes e 2.433 casos pelo novo coronavírus.
“A gente tem que melhorar esse negócio de quarentena. Ficou muito desarrumado, não ficou bom. Foi precipitado, foi cedo. Foi uma sensação de ‘entramos, e agora, como é que saímos’”, disse o ministro.
A declaração de Mandetta ocorre um dia após o presidente Jair Bolsonaro, em rede nacional, pedir o fim da quarentena e chamar o coronavírus de “gripezinha”. Na TV, Bolsonaro afirmou que não há razão para o “confinamento em massa”, já que o grupo de risco compreende principalmente os idosos.
Durante a coletiva, Mandetta afirmou que “o efeito cascata de decretação de lock-downs” provoca transtornos no próprio sistema de saúde, “como se nós estivéssemos todos em franca epidemia”. O ministro pediu que as ações sejam tomadas em conjunto para evitar a falta de ordem. Não é a primeira vez que ele argumenta nesta linha. Em situações anteriores, defendeu que os decretos dos governadores estejam alinhados com uma estratégia nacional do Ministério da Saúde.
“Nós temos que ter muita calma, porque a quarentena é um remédio extremamente amargo, extremamente duro. E vai ter a hora que a gente vai precisar usar”, afirmou. “Antes de adotar o ‘fecha-tudo’, existe a possibilidade de trabalhar por bairro, existe a possibilidade de fazer redução de mobilidade urbana em determinados aparelhos. Existe uma série de medidas que vai se tomando até que você tenha um patamar. Quando eu chegar neste patamar, eu passo a considerar conter um bairro, uma cidade.”
Mandetta reiterou que o Ministério da Saúde está “consciente do foco da proteção à vida”, mas disse que as quarentenas generalizadas provocam problemas, por exemplo, no transporte de vacinas, “porque não tem mais o avião”, e na produção de ventiladores hospitalares, “porque o funcionário não chega na firma”.
O ministro afirmou que não sairá do cargo e disse que o pronunciamento oficial de Bolsonaro na TV foi uma “grande colaboração”.
“Eu sou de um estado agrícola. Nós temos uma safra para colher e uma safra, daqui a pouco, para plantar. E, sem alimento, não adianta a gente fazer luta, porque quem está segurando a economia desse país é o agro. Então, a gente precisa também pensar em tudo isso. E eu vejo, nesse sentido, a grande colaboração da fala do presidente: chamar a atenção de todos que é preciso pensar na economia. A maneira como nós vamos fazer isso será juntos”, declarou.