Compartilhado da Revista Fórum –
O agente disse ainda que sua vida “acabou depois da prisão”
Um policial militar denunciou à Justiça que foi ameaçado por colegas de farda, que segundo ele, não são “apenas policiais”, por ter prendido, em fevereiro de 2018, o miliciano Wagner Evaristo da Silva Junior, o Junior Play, na Praça Seca, Zona Oeste do Rio.
Durante a denúncia, em depoimento prestado na 2ª Vara Criminal do Fórum de Jacarepaguá, em agosto de 2018, o PM disse que “sofreu pressão de alguns de seus colegas de farda.
Play é um dos chefes do grupo paramilitar que domina a favela Bateau Mouche.
O PM pediu para prestar depoimento sem a presença do réu na sala de audiência. O agente disse ainda que sua vida “acabou depois da prisão”. Ele afirmou que pediu para ser transferido de batalhão após a ocorrência e que teve que se mudar com a família porque foi alertado por policiais que seria feita uma “judiaria” com ele.
Ele disse também que “se soubesse que o réu Wagner era o chefe da milícia, não se envolveria na ocorrência”. Ele afirmou ainda que foi ameaçado de morte pelo miliciano, que teria pedido para o agente “não botar carga” em seu depoimento.
Por fim, disse que informou à PM sobre as ameaças e pediu arma e colete à corporação. De acordo com o relato, nenhum dos pleitos foi atendido.
A prisão de Junior Play aconteceu em 4 de fevereiro de 2018. Na ocasião, o policial estava de serviço quando foi alertado que havia milicianos extorquindo quentinhas do estabelecimento.
No local, encontrou Wagner armado com uma pistola e colocando as refeições num carro. Dentro do veículo, o agente apreendeu um carregador de fuzil, 37 munições ponto 40, duas munições 5.56, duas munições 7.62 e R$ 6.700. No momento da prisão, Wagner já teria ameaçado o PM: “Olha o que você está fazendo, você tem família”, teria dito o miliciano.
O juiz Aylton Cardoso Vasconcellos determinou que a PM tomasse providências “com relação à preservação da integridade física do policial”.
Graças ao depoimento do PM, o miliciano foi condenado a 11 anos de prisão pelos crimes de constituição de milícia privada e porte ilegal de arma de fogo. Wagner recorreu da decisão.