Publicado em Opera Mundi –
Legislativo municipal estudava proibir ‘atividades antissociais’, como dormir nas calçadas, beber em público, alimentar pombos e pedir esmolas nas ruas
A Câmara Municipal de Oxford negou planejar a criminalização das pessoas dormem na rua da cidade universitária, após mais de 50 mil pessoas assinarem uma petição contra a medida.
‘As pessoas simplesmente não optam por estar na rua. Deveríamos estar fazendo a vida delas mais fácil’, diz organizador de petição
Nos últimos dias, o legislativo municipal discutia a possibilidade de criação de uma nova ordem de proteção espaços públicos que propunha a proibição de “atividades antissociais”, como dormir nas calçadas, beber em público, alimentar pombos e pedir esmolas nas ruas.
Em comunicado, o presidente da Câmara, Peter Sloman, negou a veracidade da criminalização dos sem-tetos. “A experiência com a equipe de apoio social é a de que um número pequeno de pessoas continua a pedir esmola e a dormir nas calçadas apesar de estarem recebendo apoio de alojamento”, argumenta.
Na mesma linha, um porta-voz da Câmara afirmou ao The Independent que o projeto envolvia apenas as pessoas que já estão recebendo alojamento da prefeitura seriam afetadas, isto é, aquelas que já têm camas disponíveis em abrigos, mas que optaram por permanecer nas ruas.
Entrevistado pela rádio BBC no fim de março, o vereador Dee Sinclair disse que o projeto tinha o intuito de fazer de Oxford “uma cidade de classe em âmbito mundial” e que tais atividades realizadas por sem-tetos fazia com que os cidadãos se sentissem “desconfortáveis”.
As declarações geraram repúdio de parte da população, que gerou a campanha “On Your Doorstep” (“Na porta de sua casa”, em tradução livre) que criou uma petição pela Change.org, atraindo rapidamente mais de 50 mil assinaturas.
RT or sign to join @OYDOxford ‘s fight against a ban on homeless people sleeping roughhttp://t.co/1ArRjXLNKE
— Change.org UK (@UKChange) 8 abril 2015
Em entrevista ao portal RT, o organizador da petição, Faraz Shilbli, um estudante de pós-graduação na Universidade de Oxford, classificou o projeto da Câmara de “ridículo”.
“As pessoas simplesmente não optam por estar na rua. Deveríamos estar fazendo a vida delas mais fácil, não mais difícil, já que a falta de moradia é um grande problema em Oxford”, afirma. Para Shilbli, propostas como essa “resultam na maior estigmatização dos sem-teto e consequente assédio por parte da polícia”.
Segundo a ONG Oxfordshire Community Foundation, Oxford tem a maior quantidade de sem-teto no país, se for desconsiderado o centro da capital, Londres. No ano passado, a quantidade de pessoas em situação de rua aumentou 6% no Reino Unido.