Ferramenta de IA serviria como “avaliação de fluência de leitura” de estudantes da rede estadual; entenda
Por Alice Andersen, compartilhado de Fórum
Além da fala polêmica de que substituiria professores pelo ChatGPT, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também disse que vai implementar uma ferramenta de inteligência artificial apelidada de “fluencímetro” nas escolas estaduais com o objetivo de “avaliar a fluência de leitura” de alunos do 2º ao 5º ano da rede estadual. A “nova IA” foi anunciada nesta quarta-feira (24) pelo governador com a participação do secretário da Educação, Renato Feder, no evento Bett Brasil, em São Paulo.
Utilizando o “fluencímetro”, o estudante faz a leitura de um texto que é gravada e posteriormente avaliada pela inteligência artificial. O professor recebe uma comparação entre o texto original e a leitura realizada pelo aluno e a leitura é então “avaliada”.
A IA levaria em consideração a fluência e o tempo da fala da criança, estipulando níveis. De acordo com a Secretaria de Educação, as primeiras avaliações serão aplicadas nesta semana para os alunos do 4º e 5º ano, e na próxima semana para os alunos do 2º e 3º ano.https://d1e101dd905816d11b08b75405eafa7f.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-40/html/container.html?n=0
A previsão de despesas do governo para o edital de licitação é de R$ 17,28 milhões. Desse total, já foram desembolsados R$ 6 milhões especificamente para o “fluencímetro”. A plataforma Elefante Letrado, que já é utilizada nas escolas estaduais, vai abarcar o novo recurso. Segundo a secretaria, a mesma está acessível para 560 mil alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, matriculados nas 1.389 escolas da rede de ensino de São Paulo.
As polêmicas de Tarcísio na educação
Governo Tarcísio sugeriu “ChatGPT nas escolas” ao invés de professores
Na semana passada, Tarcísio disse que ia substituir professores pelo ChatGPT na produção de aulas digitais. Estas aulas são usadas por docentes e cerca de 3,5 milhões de alunos de todas as escolas da rede estadual paulista. O material didático era produzido até então por professores chamados curriculistas, especialistas na elaboração desse tipo de conteúdo. Daqui em diante, esses docentes serão responsáveis apenas por “avaliar a aula gerada [pela inteligência artificial] e realizar os ajustes necessários para que ela se enquadre aos padrões pedagógicos”.
Segundo documento que a Folha teve acesso, o ChatGPT vai gerar a “primeira versão da aula com base nos temas pré-definidos e referências concedidas pela secretaria”. A seguir, os professores deverão editar e encaminhar o material para uma equipe que fará a revisão. A Secretaria de Educação confirmou em nota o uso da ferramenta para produzir as aulas digitais do terceiro bimestre dos anos finais do ensino fundamental (do 6º ao 9º ano) e do ensino médio. Com a polêmica, o Ministério Público (MP) cobrou explicações do governador. Leia mais nesta matéria da Fórum.
Governo Tarcísio recusou livros didáticos do MEC e anunciou “material pedagógico próprio”
Em agosto de 2023, Tarcísio decidiu que sua gestão não ia participar do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), por meio do qual os livros didáticos são comprados com verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDC) do Ministério da Educação (MEC). A decisão implicaria que mais de 1,4 milhão de alunos não receberiam livros didáticos impressos no ano que vem, o que significaria que mais de 10 milhões de livros deixarão de ser distribuídos. Com a repercussão, o governador recuou rapidamente.