A nossa tentação é quase sempre maniqueísta. A visão simples que separa os “bons” dos “maus” é sempre a mais imediata.
“Quanto menos entendemos, mais julgamos.
A cilada maior é acreditarmos que as armadilhas estão sempre fora de nós, num mundo que temos por cruel e desumano.
Ora, por muito que nos custe, nós somos também esse mundo. E as armadilhas que pensávamos exteriores residem profundamente dentro de nós.
Quebrar as armadilhas do mundo é, antes de mais, quebrar o mundo de armadilhas em que se converteu o nosso próprio olhar.
Precisamos passar um programa antivírus pelo nosso hardware mental.”
Logicamente, o escritor moçambicano, Mia Couto, não estava, ao escrever o que vai acima, pensando numa certa candidata que um dia foi ministra do Meio-Ambiente; nem tão pouco num candidato que um dia foi governador de Minas Gerais, mas que lembra, lembra.