Arrependimentos depois do apito final  I

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Por Claudio Lovato Filho, jornalista e escritor

Vamos publicar três belos textos, em postagens separadas, do amigo do blog, Claudio Lovato Filho. Especialista em escalar a emoçao em seus textos sobre futebol, Lovato nos remete aqui a vários acontecimentos nas quatro linhas. Certamente, o leitor se recordará de casos marcantes no futebol que, para mim, é a vida em 90 minutos. (Washington Luiz de Araújo). Aqui o primeiro texto:




“Ontem o filho lhe perguntou:

“Pai, se você pudesse voltar no tempo, o que você não faria de novo?”

“No futebol?”

“É”.

Ele não precisou pensar muito.

A cotovelada.

Até hoje, para tentar atenuar a culpa e o arrependimento, ele costuma dizer para si mesmo que foi uma ação instintiva, que ele na verdade estava apenas se protegendo de uma perseguição insistente, pelas costas, a perseguição de um jogador que todo mundo sabia que não economizava nas entradas violentas.

O cotovelaço deixou o adversário sem sentidos por vários minutos. Ele achou que tinha matado o colega de profissão. Desesperou-se, botou as mãos na cabeça enquanto era empurrado por jogadores do time rival e protegido por seus companheiros. Foram minutos em que ele não queria estar ali, em que não queria ser jogador de futebol.

Quando o jogador atingido começou a se mexer no gramado e recobrou os sentidos, ele, o agressor, já estava sentado no banco de reservas, encoberto (escondido) por alguns membros da comissão técnica, depois de ter sido expulso.

Passou algumas noites com dificuldade de pegar no sono, foi duramente criticado pela imprensa, e a situação só não ficou pior nos dias seguintes por causa da camaradagem que ligava os integrantes daquele grupo ao qual pertencia.

“E aí, pai, tem alguma coisa que você não faria de novo?”

“Tem, sim, filho. Senta aqui que eu vou te contar”.

O filho se sentou na cadeira ao lado, pronto para ouvir uma história que ele já conhecia. Mas ele queria ouvi-la do pai. Precisava ouvi-la do pai. E agora conseguiria isso, depois de passar muito tempo reunindo coragem para fazer a pergunta que fez.”

Autor da frase na abertura da postagem: Friedrich Schiller, poeta, filósofo, médico e historiador alemão (1759-1805)

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