“Arrogante, cheio de bile, desastroso: me dá pena do Brasil”, diz repórter do The Guardian

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Publicado em Jornal GGN – 

Nem em seus “piores pesadelos” os diplomatas imaginariam que o primeiro discurso de Bolsonaro na ONU seria tão cheio de ideologia e dados fantasiosos, descreveu o repórter

Jornal GGN – O primeiro discurso de Jair Bolsonaro na Assembleia Geral das Nações Unidas despertou “pena do Brasil” no repórter Tom Phillips, correspondente do jornal The Guardian. No Twitter, ele escreveu que nem nos seus “piores pesadelos” os diplomatas brasileiros poderiam imaginar que o discurso seria tão “arrogante, cheio de bile e desastroso para o lugar do Brasil no mundo”.

Em artigo no The Guardian, Phillips acrescentou que a expectativa da comunidade internacional era de que Bolsonaro pudesse pelo menos adotar um “tom mais conciliatório” nesta primeira aparição na ONU. Mas foi só o presidente abrir a boca para que todos ficassem “desapontados”.




Bolsonaro abriu o discurso afirmando que estava apresentando ao mundo um “novo Brasil”. “Não é um Brasil do qual o mundo vai gostar muito”, disparou Phillips.

“Em seu discurso de 33 minutos – aparentemente escrito por alguns de seus conselheiros mais duros e falcões – Bolsonaro ofereceu um snapshot [resumo rápido] da administração introvertida, obcecada por conspiração e profundamente arrogante que agora governa a quarta maior democracia do mundo”, descreveu o repórter.

“Bolsonaro começou com um ataque Trumpiano aos males do socialismo que, segundo ele, quase dominou o Brasil sob o governo de centro-esquerda de seu inimigo Luiz Inácio Lula da Silva. Em seguida, ele atacou a França sob Emmanuel Macron e as ‘mentiras’ da mídia que supostamente faz ‘sensacionalismo’ sobre as queimadas em curso na Amazônia, que ele falsamente descreveu como uma região ‘praticamente intocada’”, acrescentou o jornalista.

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“Para o deleite de seus apoiadores pentecostais da linha-dura, ele [Bolsonaro] se opôs aos progressistas politicamente corretos e ímpios” ao discursar sobre ideologia nas escolas e a “perversão” das crianças a partir da confusão sobre identidade de gênero, que deve definida pelo sexo biológico, na visão bolsonarista.

Segundo Phillips, foi com “muitos olhando perplexos” que Bolsonaro encerrou o discurso “com sua citação favorita da Bíblia: ‘Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará’.”

“Os aplausos abafados não deixaram dúvidas de que muitos delegados mal podem esperar para se libertar do líder do Brasil.”

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