Por Claudio Lovato, jornalista e escritor –
Dar o Nobel de Literatura para Bob Dylan foi uma injustiça.
Uma tremenda injustiça.
Porque foi pouco.
Porque ficou aquém.
Paciência. Na falta deum Prêmio Nobel da Expressão, da Palavra, da Linguagem vai o de Literatura mesmo. Robert Allen Zimmermann tem modéstia suficiente para aceitá-lo de bom grado.
Aos 75 anos de idade, exatos 55 depois de trocar sua Minnesota natal por Nova York para cantar suas canções folk influenciadas por Woody Guthrie nos bares de Greenwich Village, ele continua a ser o trovador inquieto, o bardo provocador, o contador de histórias transgressor,o poeta genial, o jokerman.
Artista do Verbo.
Parabéns, Academia Sueca. Você merece ganhar um Nobel por reconhecer o quanto Bob Dylan conseguiu mudar o mundo com sua verve, seu verso e sua prosa. E também alguns acordes.
E que se danem os puristas entojados, que rasguem as vestes os intelectuais ressentidos, que se automutilem os fariseus invejosos, amargos clowns avessos à retórica verdadeiramente instigante, à dialética que não sucumbe aos manuais da mediocridade. Allalong the watchtower.
A propósito: Bob Dylan usa literatura na música ou seria o contrário?
Tanto faz.
Tanto fez.
Fez tanto, e ainda faz.
Ele mereceu o Nobel. Ainda que seja pouco. Ainda que fique aquém. Mas amém. Já é alguma coisa. Tudo bem.
No reason toget excited.