Os argumentos em favor do financiamento privado da campanha atropelam qualquer lógica.
Seus defensores dizem que, se não financiarem através do caixa 1, as empresas passarão a recorrer ao caixa 2, com muito menor controle por parte das autoridades.
É uma adaptação simplória do princípio de que a legalização de uma atividade ilícita permite um melhor controle sobre ela.
Vamos analisar um mesmo caso, com o financiamento privado e sem o financiamento privado: o de uma empresa que suborna uma político para uma ação irregular ou criminosa.
Com financiamento privado de campanha, a empresa efetuará o pagamento da propina através do caixa 1, tudo legalmente registrado, ou através do caixa 2. Os pagamentos pelo caixa 1 só serão criminalizados na eventualidade de se identificar o crime original, o ato irregular do político. Ou seja, ambos são suborno, mas o pagamento efetuado pelo caixa 1 tem a blindagem da ação legalizada. A Lava Jato está aí para comprovar.
Sem financiamento privado de campanha, todas as propinas só poderão ser pagas pelo caixa 2, perdendo a blindagem legal. Bastou financiar, para estar caracterizado o crime.