Por Nina Paduani, via João Lopes, Facebook –
A irmã da Dona Rose trabalha há 8 anos na casa de uma família. Todo ano, sem exceção, ela tira suas férias em janeiro, atendendo a um pedido do patrão (pois a família sempre viaja para passar a primeira semana de janeiro fora, e com a casa vazia ela não tinha mesmo nada para fazer por lá durante esses dias). Então ela tirava 20 dias de férias todo início de janeiro e vendia os outros 10 dias. A família só “ficava sem empregada” por cerca de 10 dias, pois nos outros 10 estava hospedada em hotéis, viajando.
Este ano, agora em outubro, ela confirmou com o patrão: “tudo como sempre com as férias?” “Sim, tudo como sempre”. Aí ela aproveitou uma promoção e comprou as passagens para ela e a filha irem pro Ceará passar 17 dias na casa da mãe dela.
Terça-feira agora, após o início da vigência das novas leis trabalhistas, seu patrão a comunicou: “vou te dar 10 dias de férias em janeiro, 10 em julho e os outros 10 vc vende” “mas eu comprei passagem, estou pagando as parcelas…” “que pena. Tenta resolver na companhia aérea, pq só vou te dar 10 dias em janeiro.” “Mas não dá pra mudar o dia na passagem” “não posso fazer nada, vai ser assim”.
Eu fico imaginando a felicidade dos paneleiros com essas situações. Eles já estavam cansados de ter que tratar as empregadas domésticas como gente e respeitar seus direitos. Que delicia poder voltar a sacaneá-las à vontade, né? Imagina abrir mão da escrava? Nem pensar.
A família parcelando as férias da empregada, e foda-se ela, porque não podem ficar 10 dias sem alguém para servi-los. São uns enormes parasitas que não podem nem fazer a própria cama 10 dias por ano, precisam tirar da empregada o direito de viajar para visitar sua mãe. Afinal, empregada viajando de avião incomoda, né?