Por Carlos Eduardo Alves, jornalista
Lembrei da minha infância de classe média ao ler sobre o menino de Goiânia que desenhou as figurinhas de um álbum imaginário da Copa do Mundo já que o pai, feirante, não pode comprar os pacotinhos de 4 reais cada um. Eu, como é hoje o menino goiano de 8 anos, sempre fui apaixonado por futebol. Além da sorte num país de exclusão de ter nascido em família de classe média, ainda tinha um pai que gostava quase igual o filho dos álbuns.
Lembro do seu Ubaldo tirar os pacotinhos do bolso da calça e observar a minha alegria ao recebê-los. Acho, se a memória de tanto tempo não me trai, que meu pai até tentava descobrir com quem eu poderia trocar figurinhas que faltavam para completar os álbuns. Foram vários, de campeonatos estaduais e nacionais.
Mais recentemente, a vida me presenteou com um filho que também é fanático por futebol e que gostava, pelo menos até a última Copa, do álbum de figurinhas do evento.
Fico pensando, nessa porra de mundo de consumismo que vivemos, nos milhões de brasileirinhos que observam crianças iguais a ele preenchendo a colagem de seus sonhos e que, persistindo no viver da imaginação, têm que apenas desenhar ídolos.
Afinal, eu nunca tive essa negação de prazer infantil.O molequinho de Goiânia vai ter seu álbum por comover muita gente depois que a mídia relatou a história triste.
Nem é o drama principal de um País que nega até comida para seus filhos pequenos. Mas que merda de País é esse que faz uma criança tentar remediar um sonho de um álbum de figurinhas.