Por Luiza Villaméa, jornalista, texto estraído do Facebook
Quase não acreditei quando me deparei com Olga Benário, retratada por Candido Portinari, na parede do apartamento, no Rio. A entrevista com a historiadora Anita Leocadia Prestes ficou ainda mais interessante.
Curiosa profissional, perguntei pela história do retrato. Foi um presente de Portinari para Luiz Carlos Prestes em 1945, quando o líder comunista saiu dos cárceres do Estado Novo.
Durante um tempo, o retrato iluminou a sala de Prestes na sede do Partido Comunista, na rua da Glória, no Rio. Parecia um local seguro até 1947, quando o partido foi declarado ilegal.
Prestes submergiu na clandestinidade. Anita e sua tia Lygia deixaram o país. Como havia o risco de a obra ser destruída em alguma razia da polícia, Portinari se encarregou de zelar pelo retrato.
Dez anos depois, Anita e Lygia voltaram e receberam o retrato, de novo, de Portinari. Cuidaram dele até o golpe de 1964, quando Anita precisou seguir para o exílio.
Lygia se tornou a guardiã do óleo sobre tela até a redemocratização do país. Anita retornou ao Brasil e as duas sempre se perguntavam: “O que fazer com o retrato?”
Não podia ficar para sempre na sala de um apartamento. Poucos anos depois de eu fotografá-lo, Anita encontrou o lugar perfeito. E doou o retrato de Olga Benário para o Museu Nacional de Belas Artes, no Rio.
Na parede do apartamento, ela dependurou uma fotografia da tela, com as mesmas dimensões da original. Tirada por um profissional, é óbvio!
Foto: Luiza Villaméa