As mensagens secretas dos namorados no Rio Imperial, através das flores

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Por Arcírio Gouvêa Neto, jornalista

No século XIX, no Rio de Janeiro – diante da marcação cerrada de pais – namoros, paqueras, “puladas de cerca”, tinham como principal aliado, flores. Para marcar um encontro sigiloso com a amada bastava o rapaz enviar a planta certa, no caso, uma rosa azul que significava, “hoje ou amanhã”. A resposta podia vir na forma de de uma erva de São João: “Hoje, não, amanhã sim”.




Outras dicas: presentear com Acácia, significava “Sonhei contigo”. Como bem sabia D. Quinquinha, personagem do romance “A Moreninha”, de Joaquim Manuel de Macedo. Quem usava Malmequer no peito indicava passar por “tormentos cruéis”. Para uma tímida declaração de amor, enviava-se uma Margarida, cujo significado era “Estou apegado a ti”.

Um pedido de casamento vinha através de um cravo de carmesim, cuja mensagem dizia “Desejo ser feliz contigo”. Em Amor-Perfeito, a direta declaração: “Existo só pra ti”. E o Araçá-da-Praia indicava cansaço, decepção, e botava o fim no namoro “Basta de enganos”.

A moda foi importada da França, do tempo do encantamento dos franceses pela botânica e pelo Oriente (acreditavam que as odaliscas se comunicavam com seus amantes por meio do envio de flores) e pelos ideais românticos que vinculavam estados de espírito à natureza. Essa moda assegurava o sucesso editorial de títulos como “La Language des Fleurs”, de Charlotte de La Tour.

Os dicionários amatórios das flores se tornaram uma febre na Corte Carioca. Agora, a antropóloga Alessandra El Far acaba de publicar pela Editora Unesp o livro “A linguagem sentimental das flores e o namoro às escondidas no Rio de Janeiro do século XIX”. A autora acrescenta na publicação que “O Rio de Janeiro era uma sociedade do segredo. Trocava-se mensagens o tempo todo. Até um bilhete sem nada escrito continha uma mensagem na cor do papel. Um papel roxo, por exemplo, significava saudade”.

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