As pernas curtas da mentira: relações promíscuas, ilegais e criminosas

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Por Ulisses Capozzoli, jornalista, Facebook

As denúncias de relações promíscuas, ilegais, e, portanto, criminosas, imorais e autoritárias entre o suposto paladino Sérgio Moro e outros integrantes da Lava Jato por um site, “The Intercept”, escancaram já na primeira leva de revelações a apatia da mídia convencional brasileira. Evidência de seu golpismo e descarado oportunismo, o que inclui um entreguismo histórico. Os beneficiados por essas manobras espúrias, o próprio Moro, além do intelectualmente simplório Deltan Dallagnol, vão negar evidentemente. Vão negar e criar cortinas de fumaça para justificar o injustificável.




E o injustificável atinge toda a população brasileira, ainda que defensores das trevas possam pensar que estão levando vantagens ao tentar legitimar uma ordem que é a própria desordem: a revogação dos atos civilizados e os procedimentos básicos de cidadania.

Os criminosos, travestidos de justiceiros, fazem o que fazem por interesses imediatos. Se tiverem apoiadores, tanto melhor. Se não tiverem, fazem o que costumam fazer para levar vantagens indevidas e isso à custa da cidadania de cada um. A mídia entre nós, crescentemente desacreditada, por um partidarismo típico de uma república de bananas, já faz e fará, ao longo dos próximos dias, contorcionismo artístico para dar conta do imprevisível.

O imprevisível negado pela frase antológica de que “não há crime perfeito”. Criminosos deixam rastos e a obrigação do que aqui chamam de “jornalismo investigativo”, como se jornalismo fosse outra coisa que não a cuidadosa investigação dos fatos abordados, era e é de fazer o que fez um site: investigar. O que significa dizer: de certa maneira, um único jornalista, um americano casado com um brasileiro, Glenn Greenwald, com as boas fontes que todo jornalista deve ter, fez sozinho o que a mídia inteira foi incapaz de fazer. Não teve interesse em fazer, ou perdeu o hábito saudável de fazer.

A essa altura, os manuais de redação, com suas divertidas preciosidades, não servem nem mesmo para substituir papel higiênico, em casos de necessidade extrema. Viraram, os manuais, a própria caricatura de um comportamento tão criminoso quanto os que praticaram, diretamente, os revelados atos criminosos. Acobertados pelo desinteresse da mídia. Exemplo disso é o controvertido tríplex do Guarujá.

Qualquer repórter em início de carreira deve desconfiar de que, em casos como este, o imóvel, a prova de um suposto crime, deveria ser visitado para ter descrita sua condição elementar: luxuoso, espaçoso, caro, com exibição de requintes indevidos, etc., etc.

Mas, ninguém. Um único repórter, subiu até o tríplex para descrevê-lo como na realidade ele é. Ou era, até ser vendido pela empresa que o construiu para um desconhecido cliente interessado. Um apartamento de estilo classe média-média, de algum gosto duvidoso que caracteriza a opção desse segmento de mercado.

O mesmo aconteceu com o sítio de Atibaia e todo o discurso envolvendo… pedalinhos. O que existiu de fato, demonstrável com evidências inquestionáveis? Nada. O que prevaleceu foi a fala do abestalhado Dallagnol, sobre “não ter provas, mas convicção“.

Que tribunal, na parte civilizada do mundo, aceitaria convicções como substituto de provas evidentes? Evidência de que retornamos, se é que um dia deixamos, a condição de república bananeira. O incensado Dallagnol, aquele que disse que o Brasil foi colonizado por bandidos, como que para justificar sua cruzada no estilo Torquemada e fazer cessar todo suposto mal que um dia manchou a face da Terra.

Virão outras revelações, nestes próximos dias. Como se comportará um tribunal como o Supremo Tribunal Federal (STF) de muitas maneiras cúmplice nesse justicialismo sumário e inteiramente parcial? Há quem diga que não dará em nada, amparado no que supõe ser um comportamento estático da máquina do mundo. Mas não só o pequeno grão de sal do Cosmos, a Terra, abrigada num braço de uma galáxia está sujeito à dinâmica, ao movimento, à fruição.

Não há “nada parado no Universo”, disse mais de uma vez Albert Einstein, o gênio que fundiu num único continuo, o tempo e o espaço. Que, antes dele, eram entidades separadas e distintas entre si.

Eu, fascinado pela dinâmica da máquina do mundo, o que anima a própria História, não creio que tudo fique como antes, no quartel de Abranches.  Ainda que seja incapaz de prever o que deve acontecer.

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