Por Ademir Assunção, Facebook –
O Brasil demorou 38 anos para eleger uma coligação de esquerda, desde o golpe militar de 1964, que prendeu, torturou e sumiu com cadáveres.
Uma coligação de esquerda com um monte de tranqueiras – é verdade. Mas que conseguiu avanços significativos. Só um cínico não consegue ver.
Um dos maiores erros, ou fraquezas, no entanto, foi não ter promovido uma democratização dos meios de comunicação de massas. Não ter investido pesado em mecanismos para aumentar a consciência do ser e estar no mundo.
Não demorou 12 anos para começar a reação. Não demorou 14 para um novo golpe. Desta vez, civil, num matrimônio jurídico-político-econômico-midiático.
Parece que muitos ainda não se deram conta do arrombamento da Caixa de Pandora com a quebra do pacto democrático.
Não sou analista político. Não tenho fontes diretas dentro do STF, do Ministério Público, do Congresso Nacional, das Delegacias de Polícia, das alcovas econômicas, nem sou íntimo de Sérgio Moro – como muitos analistas do Facebook dão a impressão de ser. Apenas dou meus pitacos, baseado nos livros que li, nos filmes que vi, nas experiências que tive e tenho em minha vida.
Não se trata de santificar, muito menos de sebastianizar Lula, a liderança que capitaneou a coligação de esquerda. Mas enquanto alguns que possuem alguma consciência – repare bem: estou falando dos que possuem alguma consciência – continuam a crucificá-lo como Senhor de Todos os Males – fazendo coro aos Pilatos de plantão – os crucificadores avançam em marcha acelerada.
¿No pasarán? Já passaram, amigo, amiga. E continuam passando.
E já pregam abertamente a fogueira. A tortura. Não soube da declaração do deputado federal Laerte Bessa, delegado da polícia civil, hoje no Congresso Nacional, referindo-se ao coreógrafo Wagner Schwartz, pivô do “escândalo” do MAM, a performance inspirada na obra Bicho, de Lygia Clark? Não?
“Pergunta se ele conhece direitos humanos? Direitos humanos é um porrete de pau de guatambu que a gente usou muitos anos em delegacia de polícia. Se ele conhece rabo de tatu [usado para chicotear presos], que também usamos em bons tempos em delegacia de polícia. Se aquele vagabundo fosse fazer aquela exposição (…) ele ia levar uma ‘taca’ que ele nunca mais ele iria querer ser artista e nunca mais iria tomar banho pelado”.
Foi isso o que o deputado Laerte Bessa disse. E note bem: a declaração não foi feita na surdina de uma delegacia de polícia. Foi feita nos microfones da Câmara dos Deputados, para quem quisesse – e não quisesse – ouvir.
Um detalhe: este deputado é aquele que foi flagrado vendo vídeo pornô no seu celular, em plena sessão de votação da reforma política.
Típico caso de transferência freudiana. Os doentes dirão que os doentes somos nós. E nos descerão o porrete. Em nome da Honra, da Família, da Pátria e de Deus.
As portas do Inferno estão escancaradas e nós, caro amigo, cara amiga, estamos correndo perigo. O extermínio já ultrapassou as fronteiras das periferias. Ele agora está em todo lugar.
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