A Polícia Federal detalhou as provas coletadas de que o ex-presidente Jair Bolsonaro participou do planejamento de golpe de Estado
Por Patricia Faermann, compartilhado de GGN
O relatório final da tentativa de golpe de Estado provocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, equipe de governo e militares revela que Bolsonaro sabia do plano de assassinar o atual presidente Lula. As provas deste episódio foram antecipadas pelo GGN no âmbito da apuração da PF contra os chamados “Kids Pretos”, nesta terça (19).
O documento que indicia 37 pessoas, incluindo Jair Bolsonaro, por golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito, foi entregue nesta quinta (21) ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Mas, na terça-feira, uma parte da investigação foi disponibilizada, no documento da Polícia Federal que se referia, especificamente, ao planejamento e atuação dos militares que foram levados presos.
O GGN acessou esta investigação, de 221 páginas, e detalhou o material em reportagens publicadas aqui e aqui. Parte desta investigação integra o relatório final da PF que indiciou Jair Bolsonaro.
‘Kids Pretos’ apresentaram plano a Bolsonaro
Conforme antecipamos, naquele documento, a PF mostrou as provas de que Jair Bolsonaro tinha conhecimento dos planos de golpe e assassinar presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF, Alexandre de Moraes.
No dia 6 de dezembro de 2022, Bolsonaro se encontrou com os militares presos:
A PF também mostrou que em mensagens trocadas com ex-ajudante de Ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, o general Mauro Fernandes admitiu que “conversou pessoalmente com Jair Bolsonaro”, no dia 8 de dezembro de 2022, mostrando preocupação de perder o controle das manifestações nas ruas e que o golpe poderia “restar frustrado”:
Naquela mensagem, Mauro Cid confirmou que Jair Bolsonaro estava “esperando para ver os apoios que tem” para “a consumação do Golpe”, e que teria que ocorrer “antes do dia 12” de dezembro:
Para completar, o general Mario Fernandes afirmou a Mauro Cid que “durante a conversa que eu tive com o presidente [Jair Bolsonaro], ele citou que o dia 12 [para concretizar o golpe], pela diplomação do va*****do“, e que a partir do dia 20 de dezembro ocorreria a passagem de comando das Forças Armadas:
Nas investigações, a PF confirmou que Mario Fernandes esteve no Palácio da Alvorada no dia 8 de dezembro, encontrando-se com Jair Bolsonaro, para a referida conversa.
No dia seguinte à conversa do general Mauro Fernandes com Jair Bolsonaro e, posteriormente, narrada à Mauro Cid, em 9 de dezembro, o general enviou outro áudio ao ajudante de Ordens do ex-mandatário comemorando que “Jair Bolsonaro aceitou o ‘nosso assessoramento’”, referindo-se ao plano de golpe.
Na mesma data, os investigadores comprovaram, em diligências realizadas, que o plano de golpe e de assassinar o presidente Lula, o vice-presidente Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, intitulado “Punhal Verde Amarelo”, foi impresso pelo general Mário Fernandes no Palácio do Planalto e entregue ao então presidente Bolsonaro no Palácio do Alvorada.
As informações deste relatório prévio compõem o relatório final da PF entregue hoje ao STF.